Por detrás deste "esvaziar" do valor do barril está a grave situação económica nos Estados Unidos, medida pela mais lata inflação em quatro décadas, e os muito baixos índices de consuma de gasolina.

Para isso contribuiu ainda a surpreendente decisão da OPEP+, a organização que desde 2017 junta os 13 Países Exportadores (OPEP) e os 10 desalinhados encabeçados pela Rússia, com o objectivo de manter os preços equilibrados, de acrescentar apenas 100 mil barris diários à sua produção máxima para Setembro, em claro contraste com os quase 650 mil acrescentados em Julho e Agosto, na reunião do "cartel" realizada no início de Junho.

Os 96,49 USD, -0.42% que no fecho de quinta-feira, no que concerne ao Brent, perto das 10:30 de hoje, e os 90,49, no WTI, de Nova Iorque, a descer 0,19%, à mesma hora, de Luanda, só têm comparação com os valores alcançados em Fevereiro, nos dias anteriores ao início da guerra da Ucrânia.

No entanto, os analistas estão a avançar que o barril de crude deverá manter-se entre os 90 e os 100 USD nas próximas semanas, embora isso esteja dependente do que vier a suceder, em primeiro plano, na guerra da Ucrânia, mas, especialmente, embora em segunda plano, na tensão crescente no Mar do Sul da China, onde os EUA e a China estão num claro braço de ferro por causa de Taiwan e da recente e desafiadora para Pequim visita de Nancy Pelosi, a líder do Congresso norte-americano, à ilha "rebelde" que Pequim considera dentro do seu território inalienável.

Mas num terceiro plano, os especialistas alertam para a possibilidade de uma devastadora crise económica gerada pela elevada inflação, crescente desemprego nas economias ocidentais, e tensão militar em múltiplos locais do Planeta.

Para Angola, este sobe e desce no valor da matéria-prima é especialmente importante, porque ainda representa 95% do total das suas exportações, mais de 35% do PIB e perto de 60% das receitas fiscais.