O barril de crude perdeu valor tanto em Londres como no WTI de Nova Iorque depois de se saber que os principais bancos centrais das potências económicas ocidentais se preparam para voltar a aumentar as taxas de juro e com dados oficiais a mostrarem que as exportações da Rússia, contrariando as sanções ocidentais, estão a ir de vento em popa.

Este cenário conseguiu mesmo tornar quase irrelevante o efeito do aumento expressivo da tensão no Médio Oriente, depois de um crescendo da tensão entre Israel e a Palestina, com dezenas de mortos provocados em ataques de ambos os lados desta explosiva trincheira global, e depois de uma série de ataques com drones em infra-estruturas militares iranianas, havendo a possibilidade de a autoria ser israelita, como está a elocubrar a imprensa internacional.

Tamanho contraste mostra com colorido garrido a volatilidade dos mercados energéticos e esta segunda-feira aparece como um clarão na noite escura quando comparada com sexta-feira, sessão que parecia estar a abrir a cancela de uma nova etapa para o sector.

E é assim que o barril, que fechou na sexta-feira, em Londres, acima dos 88 dólares, estava a valer, perto das 15:00 de hoje, 30, segunda-feira, 84,9 USD, menos 1,66%, e com tendência de queda até ao final do dia.

Este cenário é especialmente importante para Angola porque, apesar da diminuição continuada da produção nacional, ainda depende em grande medida do seu sector energético, considerando que o crude representa mais de 90% das suas exportações, perto de 30% do PIB (tem vindo a descer nos últimos anos o peso do sector) e mais de 50% das receitas fiscais do Estado, sendo certo que o sector do gás natural já é uma importante fonte de receitas, superando mesmo o diamantífero.

Aliás, o Governo de João Lourenço, que elaborou o seu OGE para 2023 com um preço de referência para o barril nos 75 USD, tem ainda como motivo de preocupação a divulgação em Novembro de 2022 de um relatório da consultora Fitch Solutions, onde se antecipa uma redução da produção de petróleo na ordem dos 20% na próxima década, com origem no desinvestimento em toda a extensão do sector, deste a pesquisa à manutenção, quando se sabe que o offshore nacional, com os campos a funcionar, está em declínio há vários anos devido ao seu envelhecimento, ou seja, devido à sua perda de crude para extrair.