Dois anos depois da inauguração, pelo Presidente José Eduardo dos Santos, de investimentos no valor de 1.247 milhões de dólares - nomeadamente na construção de um terminal de contentores (597,4 milhões), outro de minérios (463,9 milhões) e de um porto seco (28,3 milhões) -, o Porto do Lobito não consegue pagar os salários dos seus mais de 2.000 funcionários.

"Temos famílias e há quatro meses que não vemos a cor do nosso dinheiro. A empresa prometeu pagar-nos no mês passado, mas até agora nada", disse à agência AFP Sebastião Domingos, um dos trabalhadores em greve desde a passada terça-feira.

Ainda sem perspectivas de uma solução, o director do Gabinete de Comunicação e Imagem da Empresa Portuária do Lobito, Domingos Isata, atribui as dificuldades à conjuntura.

""Infelizmente, é o reflexo do que se passa no país. São cortes até ao nível do Orçamento Geral do Estado, para além da baixa nas importações por falta de divisas"", considera o porta-voz, em declarações à Rádio Mais.

As palavras do responsável encontram suporte nas estatísticas da actividade portuária: em termos de carga contentorizada, o Porto do Lobito teve uma quebra de 46% no segundo trimestre deste ano. Aliás, enquanto até Junho de 2015 se movimentaram 18.289 contentores, no mesmo período de 2016 foram movimentados apenas 9.768 contentores.

Reforçando a ideia de que o porto do Lobito está a ser "vítima da crise económica e financeira, que afectou essencialmente as importações de mercadorias", o responsável garantiu contudo que "a empresa está consciente da situação" dos trabalhadores.

Por isso, Domingos Isata prometeu pagar pelo menos um dos salários em dívida nos últimos dias, compromisso que até ontem não tinha sido cumprido.