Face a este pedido, que muitos analistas consideram bizarro, que acontece quando falta apenas pouco mais de um mês para que Jair Bolsonaro deixe o Palácio do Planalto e ali entre Lula da Silva como novo inquilino, o Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deu 24 horas ao PL para que mostre um relatório sobre as urnas onde diz existir problemas suficientes para a sua anulação.

"Assim, sob pena de indeferimento da inicial, deve a autora aditar a petição inicial para que o pedido abranja ambos os turnos das eleições, no prazo de 24 horas. Publique-se com urgência", indicou, em comunicado, Alexandre de Moraes, citado pela imprensa local e transcritas depois pela Lusa.

Esta reacção do tribunal surge minutos depois de o partido do ainda Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ter pedido às autoridades eleitorais a anulação de parte das urnas utilizadas nas presidenciais de 30 de Outubro, mas não fazendo qualquer menção relativamente às urnas da primeira volta e das eleições gerais de 02 de Outubro, nas quais foi o grande vencedor elegendo 99 deputados federais.

Numa declaração à comunicação social, sem direito a perguntas, em Brasília, o engenheiro Carlos Rocha, responsável pela auditoria do relatório do Partido Liberal, indicou que em algumas urnas foi encontrado "um número inválido", o que indica um "indício muito forte de mau funcionamento da urna", gerando assim "incerteza nos dados dessas urnas".

"Em cada linha de registo da actividade em todas as urnas de modelos antigos o código é inválido", acrescentou.

"Descobriu-se que existiram urnas que travaram e foram desligadas no mesmo período de votação e ligadas outra vez", frisou, acrescendo que tal representa uma "violação do sigilo do acto de votar", apontou.

Em causa estarão mais de 250 mil urnas (anteriores a 2020), cerca de metade do total utilizado nas eleições presidenciais de 30 de outubro, vencidas, e ratificadas pelas autoridades eleitorais e observadores internacionais, por Lula da Silva.

Na mesma conferência de imprensa, o advogado do partido, Marcelo Bessa, indicou que nas urnas anteriores a 2020, Lula da Silva venceu por 52% contra 48% para Jair Bolsonaro.

Mas, segundo o relatório, nas urnas novas o resultado foi o inverso: Jair Bolsonaro terá vencido com 51% e Lula Silva registado 48,95% dos votos.

Os protestos contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas presidenciais de 30 de outubro e a favor de uma intervenção militar voltaram a ganhar alguma força na semana passada, alavancados pelo feriado nacional da instauração da República no Brasil, com milhares de manifestantes a concentrarem-se em frente a quartéis em vários estados brasileiros.

De forma a terminar com estes protestos, considerados antidemocráticos por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), o juiz Alexandre de Moraes ordenou o bloqueio de 43 contas bancárias de empresários que estariam a patrocinar e a apoiar os acampamentos em frente aos quartéis-generais, que ainda persistem passadas três semanas da estreita derrota do ainda Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

A investigação, ainda em curso, aponta a suspeita de que empresários cujas contas bancárias foram alvo do bloqueio estariam a atuar para financiar estes actos antidemocráticos e disponibilizando uma estrutura completa, que inclui desde tendas e casas de banho a alimentação aos manifestantes.

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que perdeu as eleições presidenciais para Lula da Silva, está há mais duas semanas em silêncio e com a agenda vazia, algo que o seu vice-presidente atribui a uma doença.

A última vez que Bolsonaro apareceu nas suas redes sociais foi em 02 de novembro, quando publicou um vídeo em que repudiava grupos de camionistas que estavam a bloquear centenas de estradas pelo país para protestar contra a vitória de Lula da Silva nas urnas.

Desde o dia seguinte às eleições, a agenda do Presidente brasileiro tem repetido todos os dias a mesma frase: "Sem compromissos oficiais"