Salomon Zogo era um famoso jornalista camaronês, com um programa na rádio intitulado "Engarrafamento", considerado sem papas na língua e crítico do poder do velho Presidente Paul Biya, de 89 anos, desde 1982 no poder, fortemente autoritário e autocrático, cujas vitórias eleitorais estiveram quase sempre sobre suspeita de fraude alargada.

O seu corpo foi encontrado a 22 de Janeiro, mutilado, num zona próxima de Yaounde, capital dos Camarões, uma semana depois de ter sido raptado a 17 de Janeiro, tendo várias organizações de defesa dos Direitos Humanos, área onde Zogo era uma dos mais conhecidos activistas no país, aberto de imediato uma série de iniciativas denunciando poderosos interesses por detrás da sua morte.

E estavam certos. Agora, depois de uma intensa polémica, foi detido, esta segunda-feira, 06, um dos patrões da comunicação social camaronesa, Jean-Pierre Amougou Belinga, para ser interrogado já na condição de suspeito, e, com ele, cerca de duas dezenas de elementos da temível secreta camaronesa, enquanto começam a surgir também indícios de que alguns elementos do Governo podem também estar a ele ligados ligados.

A morte do jornalista e activista dos Direitos Humanos, de 51 anos, reacendeu uma velha "guerra civil" nos camarões entre o poder de Paul Biya e os seus interesses e as organizações da sociedade civil que pugnam pela liberdade de imprensa e de expressão nos Camarões, uma país com uma sociedade fortemente oprimida.

Martinez Zogo era uma dos activistas mais conhecidos do país por causa dos seus programas onde denunciava casos de corrupção, apontando, segundo a imprensa independente camaronesa, os nomes de alguns dos mais influentes políticos e empresários.

Juntamente com o patrão dos media Jean-Pierre Amougou Belinga foram detidos vários outros indivíduos, naquilo que, ainda segunda a mesma imprensa, é o poder político a tentar parecer estar à altura deste momento de extrema tensão social no país provocada pela extrema violência a que o jornalista foi sujeito.