O caso aconteceu no fim-de-semana, e, segundo a Televisão Pública de Moçambique, dez pessoas, entre as quais duas crianças, terão sido sequestradas e decapitadas, na povoação rural, no meio do mato.

Entretanto, a Polícia de Moçambique já confirmou o ataque e garantiu estar no encalço dos suspeitos que, alegadamente, pertencem a um grupo com ligações ao radicalismo islâmico que tem destabilizado a região.

"Foram 10 concidadãos que perderam a vida, depois de terem sido atacados com catanas, perto da localidade de Olumbi, a 45 quilómetros da sede do distrito de Palma", explicou Inácio Dina, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), durante uma conferência de imprensa, em Maputo.

Tudo aponta, segundo o porta-voz, que "os agressores serão do mesmo grupo que matou agentes da polícia com metralhadoras e sitiou a vila de Mocímboa da Praia, durante dois dias, em Outubro de 2017. E que, desde então, tem feito ataques esporádicos em aldeias do meio rural da região". Um grupo que, diz "foi amplamente fragilizado".

Segundo escreve a Lusa, uma investigação baseada em 125 entrevistas em Cabo Delgado, divulgada na última semana, concluiu que a destabilização é feita por células dispersas que usam o radicalismo islâmico para atrair seguidores, aos quais pagam rendimentos acima da média, financiados por rotas de comércio ilegal de madeira, rubis, carvão e marfim, daquela região para o estrangeiro.

Estes grupos continua a Lusa, incluem membros de movimentos radicais que têm sido perseguidos a norte pelas autoridades do Quénia e Tanzânia, e alguns elementos terão sido treinados por milícias da região dos Grandes Lagos que por sua vez também têm ligações ao grupo terrorista al-Shabaab, na Somália.

Os ataques surgiram numa altura em que estão a avançar os investimentos no terreno para exploração de gás natural em Cabo Delgado, prevendo-se que a produção arranque dentro de cinco a seis anos, no mar e em terra, com o envolvimento de algumas das grandes petrolíferas mundiais.

A zona costeira de Cabo Delgado tem sido alvo de grupos armados desde outubro de 2017, altura em que postos de polícia foram atacados no distrito de Mocímboa da Praia, vila que ficou sitiada durante dois dias.