Em Luanda, Lagos, Argel ou Túnis... diante de adversários como Canon de Yaoundé, Enugu Rangers, Mouloudia ou Espérance, jamais o 1.º de Agosto sofreu tantos golos. Nenhum emblema africano ousou espetar seis num só jogo ao campeão angolano no decurso da sua longeva trajectória nas provas africanas de clubes. O que aconteceu em Dar Es Salam é algo atípico. Quem conhece minimamente o futebol africano e olhar apenas para o resultado de ambas as partidas facilmente perceberá que algo de anormal se passou na eliminatória, pois quem em regra perde por 2-6 em "casa" numa primeira "mão" raramente tem robustez psicológica para vencer fora de portas por 3-1.

Por razões que lhe ultrapassam, o 1.º de Agosto foi obrigado pela CAF a disputar os dois desafios da eliminatória em casa do adversário. Provavelmente por excesso de zelo das autoridades sanitárias angolanas, os tanzanianos não puderam jogar em Angola porque quatro elementos da delegação testaram positivo à Covid. O Ministério da Saúde não transigiu relativamente à entrada dos jogadores que estavam bem e podiam disputar o desafio. Com isso, violou o protocolo da CAF, o qual indica que, na eventualidade de acontecer caso de Covid com uma determinada equipa, esta pode competir desde que tenha 11+4 jogadores. Portanto, o Namungo podia jogar. Mas, as autoridades angolanas entendem que, do ponto de vista epidemiológico, havia riscos, até porque o Governo da Tanzânia é negacionista quanto à existência da pandemia. Por isso, dependendo do ângulo de visão, pode-se ou não assacar responsabilidades ao MINSA.

A equipa tanzaniana regressou a casa sem jogar em Luanda e, na ressaca de tudo, a CAF decidiu que ambas as "mãos" da eliminatória deveriam ser jogadas no terreno do Namungo. Provavelmente seja aqui onde começaram as distracções dos dirigentes "militares". Desde logo, podiam pleitear junto da CAF a disputa da primeira "mão" em campo neutro por intermédio da FAF, que é a interlocutora válida junto da CAF. Talvez em Moçambique, país fronteiriço com a Tanzânia, com as despesas a correr por conta do 1.º de Agosto. Ou noutro país em que não há negação relativamente à Pandemia e o combate à Covid-19 é feito sem tibiezas. Mas, confiando na capacidade desportiva da equipa, os dirigentes "agostinos" não tiveram esse entendimento e partiram para o que viria a ser uma verdadeira... "degola".

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