Vai ser difícil entender este luto forçado, porque representou e representa, de facto, a perda de alguém que amava muito. Às vezes como filho, muitas vezes como irmão, a maior parte dessas vezes, como amigo verdadeiro, amigo do peito, dos bons. Cúmplice em assuntos sérios ou em ocasiões de simples aperto, daquelas em que o juízo feito em relação a uma pessoa ou a uma situação, a noção, quantas vezes distorcida, que se tem desta ou daquela particularidade da nossa terra e das suas gentes; a reflexão feita a todo o instante sobre o nosso futuro e o dos nossos conterrâneos merecia cuidadosa e leal reflexão, aconselhamento pronto, quando instado a pronunciar-se. Atitudes difíceis de esquecer, só ao alcance de homens íntegros, verticais!
Por tudo isso, vai ser muito difícil entender este luto que não estava programado para agora, precisamente agora em que a tua falta será muito notada. Vai restar-me, contudo, a recordação de um perfil de cidadão, de profissional de mão cheia, construído num passado recheado de coisas boas, sobretudo de sentimentos e capacidades arredios da nossa sociedade, sentimentos nobres como a amizade e a solidariedade, sentimentos e competências que esbanjavas por serem da tua própria natureza de homem e cidadão exemplar.
Não me vou alongar em vulgares lugares-comuns porque não era isso que a tua postura defendia e assim, só quero mesmo, ao terminar este pequeno texto que me foi solicitado pelo Novo Jornal, deixar o meu abraço fraterno à Paula, ao Sílvio, ao Zuca e ao Tiago, aos teus irmãos, com a certeza que estarei sempre ao vosso lado, até que eu parta ao teu encontro. Confesso, no entanto, meu irmão, vou dizer-te: não sei como superar isto!