Desde logo na priorização da sensibilização dos países que dela fazem parte para o estabelecimento de medidas que conduzam a que os cidadãos desta vasta comunidade sintam o direito de pertença à mesma.
Isso implica que o princípio da livre circulação no espaço dos países pertencentes à CPLP passe a ser uma realidade.
Como se sabe, Roma e Pavia não se fizeram num dia e, por isso mesmo, não é de um dia para o outro que a livre circulação que envolve a abolição de vistos passe a ocorrer.
Mas, é de pequenos passos que se vai ao longe e, neste domínio, abriram-se portas para que esse programa venha a ter continuidade no futuro e, desde logo, com a Presidência de Angola.
Estão previstas medidas a acordar nesta Cimeira de Luanda, numa lógica de reciprocidade bilateral de livre circulação que se espera venham a ser adoptadas, mas é possível ir-se ainda mais longe.
Particularmente, entre homens de negócios que invistam no espaço da CPLP, docentes universitários, personalidades ligadas à cultura, estudantes de ensino superior e em casos graves de enfermidades que imponham tratamentos especializados aos pacientes.
Neste mundo crescentemente globalizado, com liberdade de circulação de pessoas e bens, a CPLP, para além de ter o dever de criar condições para que os cidadãos dos países que nela se integram sintam o direito de pertença, não pode descurar outros domínios.
Refiro-me à convergência de esforços para a criação de clusters de mar, sabido que todos os nossos países têm como fronteira o mar, por onde hoje se efectuam mais de 90% dos transportes de mercadorias, para não falar da própria exploração de riqueza dele, que está para além da pesca.
Sabendo-se como se sabe que a diversificação da economia em países como Angola e Moçambique está na ordem do dia e que essa diversificação deve ser encarada numa perspectiva de auto-sustentabilidade dos respectivos países, a dinamização do sector primário, ou seja, a agricultura, agro-pecuária e a pesca são determinantes para o futuro.
Do mesmo passo, a saúde também é um sector prioritário para a prevenção de doenças endémicas e onde a concertação conjugada de esforços é fundamental, tal como no sector da Educação e no da Cultura, em geral.
O facto de os povos e países da CPLP falarem a 4.ª língua do mundo, a 1-ª do Atlântico Sul, a 5.ª utilizada na internet, não é mesmo uma questão menor se quisermos olhar para o futuro de forma descomplexada e perspectivando um combate consequente a favor do desenvolvimento e contra a pobreza.
Está na ordem do dia concentrarem-se esforços entre os nossos povos e países, para que a CPLP seja sentida pelos cidadãos como sendo pertença desses e não uma realidade que lhes é distantes.
Espero que a próxima Presidência a assumir este mês por Angola prossiga este caminho, ou seja, o caminho de os cidadãos sentirem que têm o direito de pertença à CPLP.n

*Secretário-geral da UCCLA