O discurso vai perdendo nível e elevação e, por falta de conteúdos, atacam-se pessoas e não se debatem ideias. O assassínio de carácter quer seja por via directa ou por figuras anónimas criadas para o efeito passou a ser a regra. Como é possível alimentar-se tanto fel e intolerância? É recomendável uma quarentena virtual para aliviar tanto sentimento negativo que se vem desenvolvendo. Em tempo de crise pandémica, por uma questão de saúde e higiene mental, hoje é recomendável não frequentar certos grupos, participar de certos debates e defender determinada posição. Anda por aí muito ódio e pouca tolerância.

MEDO - A imposição da cultura do medo, a pressão aos jornalistas e a interferência na linha editorial dos órgãos por parte de uma malta que frequenta corredores do poder ou convive em ambientes palacianos começam a tornar-se numa perigosa e desesperante manobra de vale tudo.

O Jornalismo em Angola é uma profissão economicamente maltratada, intelectualmente desprestigiada e socialmente desvalorizada. O escrutínio que o Jornalismo faz aos poderes é sempre por estes e os seus servidores como uma atitude anti-sistema. Mas quem governa, quem é servidor público não deve estar sujeito ao escrutínio, à critica e a discussões sobre pública promovida pelo Jornalismo, dentro dos limites do respeito, ética, educação e elevação? Porque é que o escrutínio que o Novo Jornal faz à actividade governativa do Titular do Poder Executivo e dos seus auxiliares é definido pelos seus colaboradores como sendo um ataque "intuitu personae" ou ao serviço de agendas ou interesses corporativos? Alimentando ataques de baixo nível e de assassínio de carácter contra este jornal e o seu director usando para o efeito figuras fictícias e uma estratégia que bem conhecemos.

O nosso compromisso e a nossa agenda são como o interesse público e a nobre missão de informar. Todo o exercício jornalístico que é feito com rigor, imparcialidade, respeito, qualidade e objectividade não está alinhado com certas agendas de manipulação e propaganda que vão, dia após dia, descredibilizando o serviço público da Comunicação Social. O medo muitas vezes leva as pessoas a agirem com irracionalidade.

O medo de falhar e de não corresponder às expectativas do cargo. O medo de acharem que não estão a defender convenientemente quem servem. Medo de tudo quanto não controlam, medo de tudo aquilo ou aqueles que lhes podem confrontar com a mais dura das realidades. Medo de quem não alimenta e nem alinha em mentiras, não prospera com falsidades e não comunica com meias verdades. Não é pela imposição da cultura do medo ao Jornalismo sério e responsável que vamos fazer crescer e prosperar uma nação.

CONSCIÊNCIA - O tema que o Novo Jornal traz no seu Especial Informação é um alerta ao desrespeito das normas de biossegurança por parte dos cidadãos. Imagens de ajuntamentos em festas, espectáculos e outros tipos de convívios são partilhadas nas redes sociais, sendo que as pessoas vivem como se já não houvesse Covid-19. Os cidadãos circulam pelas ruas e estabelecimentos sem máscaras nem preocupação. A Polícia Nacional perdeu capacidade de acção e de reacção. É preciso incutir nas pessoas uma cultura de consciência, uma cultura de compromisso e de cuidado com a sua saúde. Este vírus e as suas novas variantes são perigosos e já deram provas do quanto são letais. É que este tipo de conduta de uns acaba por colocar todos em risco. Esta doença é intermitente mediante o comportamento populacional. Todo o esforço humano, logístico, técnico e financeiro feito pelas autoridades sanitárias pode ficar prejudicado pela irresponsabilidade e falta de consciência dos cidadãos. O pior ainda está por vir. Tudo por nossa culpa, nossa tão grande culpa.