Assim, estando o imbróglio directivo, interinamente, ultrapassado pela Comissão de Gestão e, definitivamente, pelos órgãos sociais a eleger para o mandato 2020-2024, caberão a estes dar o mote e serem elementos da mudança que o basquetebol carece. E um dos elementos fundamentais para sair da letargia que hoje o basquetebol padece é a Planificação Estratégica Desportiva.

As grandes conquistas do basquetebol nacional foram sedimentadas desportivamente (planificação estratégica desportiva) com um aumento da carga física e competitiva (jogos) dos atletas sénior, partindo do pressuposto que o talento era escasso e desprovidos de condições morfológicas (peso e altura) em comparação aos nossos adversários directos. A verdade é que, no mundo actual, estas ferramentas deixaram de ser suficientes, não obstante o atleta actual tenha mais disponibilidade física e motora sendo o seu talento largamente superior que o passado.

Deste modo, apenas podemos explicar a ausência de resultados actuais pela deficitária planificação estratégica desportiva que se operou nos últimos tempos, tendo o foco sido o resultado (títulos) e a planificação estratégica (treino, formação, organização, administração, incentivo, captação) completamente ignorada.

E como vamos alterar o quadro?

Em primeiro lugar, é preciso definir o objectivo estratégico desportivo. Hoje Angola deixou de ser uma potência incontestável do basquetebol (masculino) africano e passou a pleitear como de um simples contendor se tratasse na esfera africana. É preciso admitir isso (ponto final). Logo, o retorno da hegemonia deverá ser o foco (objectivo estratégico) e o meio para lá chegar deverá estar devidamente definido, entendido, aceite e comprometido por todos os agentes do basquetebol. Falamos sim de uma Planificação Estratégica Nacional onde todos os agentes, nomeadamente, Federação, Associações Provinciais, Clubes, Estado (MINJUD), Associação de Treinadores e Juízes e atletas participem efectivamente para sua definição, implementação, execução e controlo. O que se tem visto é os diferentes agentes agirem de forma isolada e de acordo com os seus interesses/pretensões individuais (legítimo), ignorando por completo os interesses nacionais.

É nesta senda que todos os agentes devem ser chamados para desempenharem o seu papel onde as tarefas principais na planificação desportiva nacional será a definição do perfil do atleta basquetebol angolano, modelo/método de formação (A escola angolana de basquetebol), Modelos de Competição (Sénior e formação) e Centro de Alto Rendimento e/ou outros.

As primeiras duas primeiras tarefas são de capital importância porquanto ainda estão sedimentadas em dogmas/conceitos ultrapassados. A verdade é que no seio do basquetebol ainda se reproduzem, de forma generalizada, ideais caducos e colocam-se, como se de elixir físico, os atletas a fazerem maratonas de "escadas" ignorando por completo os riscos mais que comprovados da sua saúde física. Jogará neste campo um papel fundamental a Associação de Treinadores na definição do caminho a percorrer para planificação estratégica nacional.

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