"Dizem que querem combater a corrupção mas estão a comer no prato do corruptos. Estão a ser financiados pelos corruptos que fugiram do País onde são acusados de corrupção", apontou o candidato do MPLA.

João Lourenço, referindo-se claramente a um alegado financiamento da empresária Isabel dos Santos, que tem em curso na PGR um processo por desvio de fundos, ao candidato da UNITA, disse ainda que não é a primeira vez que este partido se alia ao "inimigo" porque "quem se alia ao regime do apartheid - sul-africano, durante a guerra civil - também se alia aos corruptos que tiraram o dinheiro do País".

"Estão a ser financiados pelos dinheiros que saíram de Angola pela corrupção", atirou, acrescentando que "os corruptos são os reais financiadores" da UNITA e do seu candidato.

"Nesta disputa eleitoral, os nossos concorrentes dizem que não estamos a fazer nada para combater a corrupção, mas esses mesmos que defende isso fizeram um pacto com os corruptos. Estão a comer do seu prato", apontou e disse ainda que a campanha da UNITA e de Adalberto Costa Júnior está a ser financiada por esses "corruptos".

Neste discurso eleitoral em Malanje, João Lourenço disse que Angola só terá uma economia forte se for capaz de criar um bom ambiente de negócios, porque "quem faz as economias não são os Estados, são os privados. Temos de dar um impulso ao privados, nacionais e estrangeiros".

"Mas, para isso, entre outras medidas, temos de criar um bom ambiente de negócios e isso exige um combate claro à corrupção", prometendo manter esse combate no segundo mandato de cinco anos que "vai começar dentro de alguns dias".

João Lourenço apostou, como tem sido habitual nestes seus discursos de campanha, na constatação do trabalho feito na província de Malanje e na explicação do que pretende fazer nos próximos cinco anos, elencando uma vasta lista de promessas que trespassam todos os sectores, desde a saúde, com mais hospitais e profissionais, na educação, vias e acessos, agricultura e indústria.

A terra a quem a trabalha

Anunciou que uma das grandes apostas do seu Executivo é a industrialização do País, mas a agricultura não pode ser descorada. E Foi para esta área do desenvolvimento de Angola que prometeu uma medida que tem tudo para gerar expectativa: "a terra deve ser para quem a quer trabalhar".

O candidato do MPLA, e ainda Presidente da República, que corre para a sua própria sucessão, disse que o País exige que as terras na posse das pessoas que "não as querem trabalhar" devem voltar para as mãos "daqueles com vontade e energia de produzir".

E deu o exemplo de Israel para questionar o porquê de em Angola se produzir pouco, que sem terras aráveis nem água, conseguem produzir bens alimentares para exportar em grande quantidade para a Europa.

"Chamo a atenção para a necessidade de distribuir terras a quem realmente as quer utilizar", disse, acrescentando que "é preciso tomar medidas no sentido de corrigir a actual situação, onde pessoas detentores de grandes quantidades de terras, nelas nada fazem".

E fez de forma enfática o anúncio de uma intervenção de fôlego na via ferra que liga Luanda a Malanje, os Caminhos de Ferro de Luanda, considerando que urge requalificar os mais de 200 kms entre Zenza e Cacuso, porque "ou não foi intervencionado ou foi mal feito o trabalho".

E apontou ainda o mesmo empenho para a Estrada Nacional 230, que liga cinco províncias, de Luanda às Lundas, na qual estão a decorrer trabalhos de grande dimensão.

O "milagre"

"Estamos a fazer um casamento prefeito com o sector privado da nossa economia para os interesses dos angolanos. Por isso, baixamos o IVA em 50 por cento, reduzimos o Imposto Industrial e fizemos a revisão da pauta aduaneira".

"Em Angola está acontecer um milagre, os principais produtos da cesta básica estão a baixar graças à Reserva Alimentar Estratégica. Não queremos que essa reserva seja alimentada com produtos que sejam importados, temos que abastecer com produtos dos camponeses. Aumentem a produção nas nossas lavras e fazendas que o Estado vai comprar tudo aquilo que for excedente", disse o presidente do MPLA.

Estão autorizados a concorrer às eleições gerais de 24 de Agosto os partidos MPLA, UNITA, PRS, FNLA, APN, PHA e P-NJANGO e a coligação CASA-CE.

Do total de 14,399 milhões de eleitores esperados nas urnas, 22.560 são da diáspora, distribuídos por 25 cidades de 12 países de África, Europa e América.

A votação no exterior terá lugar em países como a África do Sul (Pretória, Cidade do Cabo e Joanesburgo), a Namíbia (Windhoek, Oshakati e Rundu) e a República Democrática do Congo (Kinshasa, Lubumbashi e Matadi). Ainda no continente africano, poderão votar os angolanos residentes no Congo (Brazzaville, Dolisie e Ponta Negra) e na Zâmbia (Lusaka, Mongu, Solwezi).