Na homilia, presenciada pelo líder da UNITA, Isaías Samakuva, o padre José Bortolini apelou à reconciliação e à paz entre as famílias, salientando que, "sem que isso aconteça, não há perdão entre as pessoas".

"Devemos esquecer o passado, cultivarmos o amor e a paz. Essas são qualidades para os cristãos", disse o padre, dirigindo-se aos presentes.

O vice-presidente da UNITA, Raul Manuel Danda, disse que Jonas Savimbi teve um papel importante para a implementação da democracia em Angola, que, segundo ele, ainda requer aprofundamento e reconhecimento.

"Jonas Savimbi é uma figura indispensável em África e não só. Lutou para que Angola se tornasse um País democrático", acrescentou Danda, que lamentou a atitude do Executivo cessante, que nunca se disponibilizou para a realização das exéquias fúnebres.

"O acto das exéquias fúnebres, que terá lugar na localidade de Lopitanga, foi tarde de mais, mas saudamos a atitude do actual Governo, que mostrou boa vontade para que o acto acontecesse", reconheceu Raúl Danda.

Rafael Massanga, filho do líder fundador da UNITA, disse que com esta missa em homenagem à memória do seu pai, as condições estão criadas para que as exéquias decorram sem sobressaltos em Lopitanga.

"Agradeço a presença de todos os que estiveram na homenagem do meu pai. Resta agora realizarmos as suas exéquias fúnebres", resumiu.

No Igreja de São Domingos, a cidadã Emiliana da Silva disse ao NJOnline que Jonas Savimbi "foi um homem organizado, mesmo estando na guerrilha, soube conduzir os destinos da sua formação política".

Este membro da Lima, organização feminina da UNITA, criticou os que consideram Jonas Savimbi, como sendo o responsável pela destruição de Angola.

"Quem pegou em armas para matar pássaros? Todos, quer do MPLA, quer da UNITA, quer FNLA ou da FLEC mataram e destruíram o país", referiu.

Funeral de Jonas Savimbi vai realizar-se a 01 de Junho em Lopitanga, província do Bié.

Confirmada que está a identidade dos restos mortais e a sua entrega à família pelo Estado angolano no próximo dia 28, para o partido do "Galo Negro", como o seu presidente Isaías Samakuva confirmou em conferência de imprensa, é agora essencial concentrar-se em garantir que tanto as pessoas, militantes da UNITA e todos aqueles que quiserem assistir ao momento, como os jornalistas que vão fazer a cobertura da cerimónia, possam ter as condições mínimas criadas.

"Vamos criar as condições necessárias para que imprensa possa fazer uma cobertura sem sobressaltos durante a cerimónia das exéquias", garantiu Isaías Samakuva, que adiantou que a UNITA "verga-se à memória do seu ex-líder, um ilustre filho de África que deu toda a sua vida por Angola e pelos angolanos".

Relativamente à reparação das vias de acesso a Lopitanga, que a UNITA vem solicitando a intervenção da administração do Estado para que intervenha no sentido de as tornar transitáveis porque estas estão degradadas, Samakuva disse não estar a acontecer com a celeridade necessária e, por isso, as estruturas do partido vão fazer o que estiver ao seu alcance para fazer esse trabalho.

"A grande preocupação é a ponte sobre o Rio Kuime, que assenta sobre uma estrutura de madeira antiga e frágil, e que pode ser um risco para a segurança pública, a julgar pelo movimento de veículos que se espera. Mas tudo faremos para que as coisas corram bem", garantiu.

O NJOnline apurou que o túmulo, cujas despesas de construção estão a ser suportados pela direcção da UNITA, está em fase de conclusão, restando pequenos trabalhos de pormenor.

Como o NJOnline avançou, a UNITA tem ainda em curso um pedido de contribuições aos militantes e à sociedade para conseguir reunir cerca de 500 milhões de kwanzas, que é o montante estimado como necessário para suportar os custos globais inerentes a este processo de transladação e exéquias fúnebres dos restos mortais de Jonas Savimbi do Luena para Lopitanga.

O terceiro vice-presidente da Assembleia Nacional (indicado pela UNITA) e coordenador das exéquias pela UNITA disse ao NJOnline que está "tudo garantido para que as cerimónias decorram com a dignidade que este momento histórico exige".

"Certificados os resultados de DNA, estão criadas as condições para o enterro do nosso ex-líder que contribuiu como poucos para uma Angola democrática", disse.

O filho de Jonas Savimbi, Rafael Massanga Sakaita Savimbi, disse ao NJOnline ser este "o momento certo" para que os restos mortais do seu pai repousem em paz, no cemitério da família, em Lopitanga.

A UNITA está à espera de milhares de militantes e simpatizantes, oriundos de todo o País, em Lopitanga.

"Será uma grande multidão que vai para a província do Bié e a UNITA está a criar todas as condições para que os nossos militantes, simpatizantes e amigos marquem lá a sua presença", disse ao NJOnline, o porta-voz do "Galo Negro", Alcides Sakala.

Jonas Malheiro Savimbi (1934 - 2002), foi morto em combate pelas tropas governamentais, na zona de Lucusse, Moxico, a 22 de Fevereiro de 2002, momento que conduziu às negociações de paz que puseram fim a um dos mais longos e devastadores conflitos armados em todo o mundo.

Savimbi foi sepultado no cemitério do Luena, capital do Moxico, onde os seus restos mortais estiveram até agora, sempre envoltos em alguma dúvida sobre a sua autenticidade devido a persistentes rumores de que não seria o seu corpo que estava no túmulo, o que os testes laboratoriais acabaram por anular, embora a sua exigência pela UNITA e pela família confirmem que essas dúvidas existiam.

O histórico líder do partido do "Galo Negro" fundou a UNITA em 1966, iniciando nesse mesmo ano a luta contra o colonialismo português, até 1975, iniciando-se, após a independência, a 11 de Novembro desse ano, uma das mais longas e violentas guerras civis em todo o mudo, que só terminou em 2002, com a sua morte.

Os seus restos mortais foram exumados a 31 de Janeiro para a realização dos testes laboratoriais ao seu ADN em Portugal, África do Sul e em organismos nacionais, tendo todos coincidido na confirmação de que o corpo de Jonas Savimbi foi sepultado naquele túmulo em 2002.