Um alegado desfalque de quatro milhões e 851 mil kwanzas, o mais recente no Instituto de Reinserção Social e Profissional dos Ex-militares (IRSEM) em Benguela, conduz a Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE) a um esquema, já com vários anos, assente na criação de cooperativas agro-pecuárias com desmobilizados fantasmas, beneficiários do programa integrado de combate à pobreza, que reserva 70% dos 25 milhões mensais para antigos militares, soube o Novo Jornal de fontes credíveis.

O director provincial do IRSEM, Francisco Branco, e o seu representante no município da Baía Farta, ambos apontados como integrantes deste "esquema fraudulento", estão a ser inspeccionados devido a uma situação ocorrida, recentemente, na comuna da Calohanga, envolvendo cabeças de gado bovino, mas as "cooperativas inexistentes" são uma realidade em quase toda a extensão da província.

Os mais de quatro milhões Kz constituem, diz uma fonte que segue o trabalho da IGAE, uma "pequena amostra" da forma como são geridos os recursos deste programa do Executivo angolano.

Documentos consultados pelo NJ, com a súmula dos elementos a caminho dos órgãos de Justiça, referem que, paralelamente ao saque de fundos públicos, o esquema atraía pessoas interessadas em fazer parte das cooperativas, enquanto "ex-militares fantasmas", a troco de 10 mil Kz.

De acordo com as fontes do NJ, alguns "intrusos", destinatários de benesses que seriam para o verdadeiro guerrilheiro de ontem, foram identificados como familiares dos suspeitos, na sequência dos actos inspectivos em curso.

Bem mais adiantada, revelam as fontes, está a investigação relativa ao desfalque, em anos anteriores a 2021, de 300 mil dólares norte-americanos, equivalentes hoje a 179.730.000,00 Kz, que saíram dos cofres públicos para embarcações, terrenos e pequenas unidades de produção de sal, igualmente no município piscatório da Baía Farta.

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