No texto deixado no seu mural, Moco avisa ainda que não voltará a aceitar cargos, se for para ficar calado ou "tecer loas à chefia".

"No que me diz respeito, aproveito para informar, solenemente, para a tristeza, por certo, de muitos próximos, que nunca mais aceitarei (como aliás o fiz durante os últimos muitos anos do presidente Dos Santos) cargos que afinal só servem para ficarmos calados, quando não para tecer loas "à chefia" (onde está o fim do bajulação?), mesmo perante irregularidades tão evidentes, que frenam a consolidação da pretendida estabilização política, económica, social e cultural do nosso país", escreveu.

O exonerado administrador não-executivo da Sonangol revela que foi avisado várias vezes para que deixasse de dizer que "estava desiludido com a governação do Presidente João Lourenço".

"Se fui avisado? Sim, fui, em certa medida. A primeira vez, aí por volta de fins do primeiro semestre do ano passado, por um alto funcionário da Sonangol - aqui importantíssimo esclarecer que não se tratou de nenhum membro do CA, dos quais guardo a lembrança de tão belas jornadas, em franca camaradagem e respeito mútuo - mas de quem não esperaria tal intermediação, para me admoestar, com todo aquele pequeno respeito, que eu deixasse de referir que estava desiludido com a governação do Presidente João Lourenço", esclarece, lembrando ainda uma entrevista que concedeu ao Novo Jornal em que dirigiu criticas ao "sistema geral de condução política que afinal o novo Presidente parecia não querer alterar".

"O segundo aviso saiu aquando daquele post em que falei do regresso aos métodos autoritários". Aqui, diz, "a coisa foi já um pouco mais sinistra, porque veio de uma mensagem privada em facebook, assinada por um, certamente heterónimo, que depois se retirou. Este que perguntava se apesar de toda a dinheirama e mordomias, eu ainda não me sentia acomodado", conta.

Marcolino Moco lembra que a sua exoneração aconteceu depois dos seus últimos dois posts "sobre posições supostamente do BP do CC do MPLA e orientação de certos programas da nossa TV pública, criticadas por vários outros camaradas da chamada "família MPLA", que por certo não têm nem esperam por cargos tão suculentos, enquanto persiste este clima de intimidação cada vez (mais ou menos?) sofisticado".

Para o antigo primeiro-ministro, há "males que vêm por bem", e que "só pessoas de má vontade poderão afirmar que não quis colaborar com o novo Presidente" quando as suas ideias "eram bem conhecidas".

Moco finaliza o texto dizendo que continua disponível para "todos os outros actores políticos e sociais, dentro de uma verdadeira agenda de aprofundamento da nossa reconciliação nacional, a todos os níveis".