O Novo Jornal, que também foi impedido de permanecer no local, presenciou que, primeiro a equipa de reportagem da RNA e depois a da TPA, foram impedidas de se manterem no local. Os militantes voltaram-se então para a equipa do Novo Jornal a quem obrigaram igualmente a afastar-se das imediações do complexo Sovismo.

A polícia chegou a intervir para proteger os jornalistas, exigindo aos militantes da UNITA que estes se afastassem. Alguns dos profissionais envolvidos chegaram a sofrer agressões físicas, embora sem gravidade.

A UNITA tinha emitido uma comunicação aos jornalistas no sentido de informar que apenas por volta das 17:00 seria distribuído um comunicado com o conteúdo desta reunião, sendo que esse é o procedimento usual nestas reuniões do partido do "Galo Negro".

Os militantes que se encontram, como foi possível averiguar pelo Novo Jornal, são declaradamente apoiantes de Adalberto Costa Júnior, tendo defendido antes que o próximo congresso tenha candidato único e que esse seja Adalberto Costa Júnior.

Estes mesmos militantes tinham antes tentado entrar no complexo Sovismo tendo surgido alguns desacatos sem intensidade relevante com os elementos de segurança do local que os impediram de entrar para o local onde decorria a reunião.

A Comissão Política da UNITA está hoje a realizar a sua primeira reunião extraordinária, convocada pelo seu presidente, Isaías Samakuva, desde que este reassumiu a presidência do partido na sequência da anulação, pelo Tribunal Constitucional (TC), do congresso de 2019 com o propósito de analisar a preparação do VIII Congresso Ordinário.

A dúvida neste momento é saber se a UNITA vai avançar em tempo recorde para a realização do XIII Congresso Ordinário, que será uma repetição do que foi anulado pelo TC, elegendo o seu líder antes da realização do Congresso do MPLA, marcado para 9 de Dezembro, ou se vai prolongar o prazo de preparação no qual ficará definido se a liderança do maior partido da oposição vai ser disputado por mais militantes além de Adalberto da Costa Júnior.

Esta reunião do órgão deliberativo, e o mais importante entre congressos, assume especial importância porque dela deverá resultar o anúncio dos passos seguintes à anulação, pelo Tribunal Constitucional, através do seu acórdão 700/2021, do congresso realizado em 2019 e que elegeu Adalberto Costa Júnior para presidente.

Quando Isaías Samakuva assumiu à liderança do partido, anunciou que estava marcada para a segunda quinzena deste mês uma reunião da Comissão Política, para fixar a data do seu XIII Congresso Ordinário, que vai eleger o novo líder desta força política.

A decisão havia sida confirmada no final de uma reunião do Comité Permanente, que avaliou o acórdão do Tribunal Constitucional que anulou o congresso de Novembro de 2019.

O Novo Jornal apurou junto da direcção da UNITA que vários secretários provinciais e outros membros que integram a Comissão Política do partido já se encontravam na capital País há alguns dias para participarem neste encontro decisivo.

A Comissão Política é composta por 251 membros efectivos e 55 suplentes e deve estar na condição, quando acabar a reunião de hoje, para aconselhar" uma data ao presidente do partido para a realização do XIII Congresso Ordinário.

Na base da anulação do congresso esteve o facto de Adalberto Costa Júnior, eleito no conclave de 2019 presidente da UNITA, ter concorrido à liderança do partido, segundo o TC, sem estar concluído o processo de renúncia da nacionalidade portuguesa.

Segundo o acórdão n° 700/2021, este acto viola a Constituição, a Lei e os Estatutos da UNITA.

Com a nulidade do Congresso, o TC decidiu que UNITA deve "manter a ordem de composição, competência, organização e funcionamento saída da direcção central eleita no XII Congresso Ordinário de 2015".

A direcção central da UNITA saída no XII Congresso Ordinário tem como presidente Isaías Samakuva, que agora retomou a liderança para enfrentar os desafios inerentes à organização do congresso e gerir o partido nesta que é fase mais complexa da sua existência desde a morte do líder fundador, Jonas Savimbi, em 2002, que levou ao fim do conflito armado.

A questão da existência de mais candidatos à liderança além de Adalberto Costa Júnior, apesar de se tratar de um Congresso Ordinário formalmente mas extraordinário pela forma como foi imposta a sua realização pelo TC, deve ser igualmente tema desta reunião.

Sabe-se que Isaías Samakuva já defendeu que, como é usual no partido, este conclave deve manter a existência de mais candidatos, condição que é rejeitada por uma parte do partido que entende ser Adalberto Costa Júnior candidato único como forma de demonstrar a unidade do partido face aos "ataques" do exterior, como é comummente considerado entre os militantes, que foi a decisão do TC.