"A Comunicação social pública, os serviços de inteligência, os gabinetes de comunicação institucional e acção psicológica do Presidente da República, pagos com os dinheiros públicos, foram transformados em órgãos partidários de demonização dos principais adversários políticos", referiu Liberty Chiyaka durante uma conferência de imprensa.

O dirigente da UNITA referia-se à forma como os media estatais e os que estão actualmente na esfera do Estado fazem uma exaustiva cobertura de notícias negativas para o maior partido da oposição com especial enfoque no seu líder Adalberto Costa Júnior sem permitir que a sua direcção exerça o direito ao contraditório sobre quaisquer das informações veiculadas.

Segundo o deputado, "os discursos e acções de há três anos do Presidente da República, foram substituídos pela hipocrisia e o combate à corrupção foi substituído pela protecção dos amigos e aliados da estratégia de gestão do poder".

No que diz respeito à detenção de oficiais das Forças Armadas Angolanas, afectos à Casa de Segurança do Presidente da República, por suspeita de crimes de peculato, retenção de moeda e associação criminosa, o dirigente do partido do "Galo Negro" defendeu que isso é uma evidência de que "o combate à corrupção em Angola fracassou".

"Os que mais delapidaram o erário público são protegidos. Estes que estão ser denunciados são peixes pequenos", salientou, acrescentando que em 2017, o Presidente da República teve a mudança nas mãos e abdicou de a consumar.

"Entre salvar o País ou o seu partido, preferiu salvar um grupo de camaradas, por isso, o País regrediu muito. Somos hoje um País menos inclusivo, menos livre e menos democrático do que fomos há dois anos", notou, acrescentando que "Angola precisa reflectir sobre o rumo que o País está a tomar".

Lembrou que este ano a classe política angolana foi surpreendida e abalada por mortes de deputados e dirigentes da UNITA para afirmar a ideia de que "alguns dos que faleceram, talvez não tivessem morrido nesta fase se não fossem receios e desconfianças de ordem política que habitam em muitos angolanos".

"Existem receios fundados que afastam muitos dos nossos compatriotas e correligionários dos hospitais públicos", referiu, reconhecendo que "esta situação de desconfiança e receios nada tem a ver com a competência técnica dos profissionais de saúde, mas com o facto de existirem factores estruturais ligados ao espírito de reconciliação nacional, nomeadamente a partidarização das instituições do Estado e a existência de Comités de Especialidade dos médicos e enfermeiros do partido no poder".

Em reconhecimento à contribuição do falecido deputado Raul Danda, o Grupo Parlamentar da UNITA "decidiu declarar 08 de Maio como o dia do deputado do Grupo Parlamentar da UNITA", o que coincide também com o dia de aniversário de Adalberto Costa Júnior.

Nesta conferência de imprensa, o líder parlamentar da UNITA lembrou ainda o Dia de África, que hoje se comemora para reafirmar que os valores subjacentes à criação da actual União Africana, em 1963, continuam por cumprir.

Liberty Chiyaka disse ainda, na na sua intervenção inicial, que "Angola vive há mais de 5 anos uma crise económica e social provocada pela petro-dependência e baixo preço do barril de petróleo, agravada nos últimos 12 meses pela pandemia da COVID-19, sobretudo, pela definição e implementação de políticas públicas desajustadas à situação de crise sanitária".

"Milhares de cidadãos morrem todos os meses de causas distintas com destaque para a malária, a fome, acidentes de viação, doenças respiratórias e cardiovasculares", apontou.

Nesta conferência de imprensa, Chiyaka disse ainda que o "Presidente da República foi sequestrado por uma elite antipatriótica, insensível, corrupta e antidemocrática", sublinhando em tom irónico que se "procura o Presidente João Lourenço de 2017!"