A informação foi avançada em conferência de imprensa pelo secretário-geral da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido na oposição, Álvaro Chikuamanga, que acusa o partido no poder, MPLA, de "estar por detrás" da campanha.

Pelo menos 22 milhões de kwanzas foram apresentados à imprensa pelo secretariado provincial de Luanda da UNITA oriundos, alegadamente, de um esquema que visava "aliciar militantes deste partido para se manifestarem contra o presidente do partido, Adalberto Costa Júnior".

Segundo o secretário provincial de Luanda da UNITA, Nelito Ekuikui, um dos promotores da campanha é um antigo secretário da mobilização urbana do seu partido, na capital angolana, que estará a trabalhar supostamente com o "comité provincial de Luanda do MPLA" (Movimento Popular de Libertação de Angola, no poder).

Nelito Ekuikui deu conta que o aliciamento de militantes do seu partido decorre há três meses, acusando que alguns dos dissentes da UNITA em Luanda "estão a agir em nome do secretário provincial de Luanda do MPLA" e terão entregado os valores "para que mais de 100 militantes da UNITA marchassem hoje contra o seu líder".

"E como o secretário para a mobilização do comité municipal da UNITA no Kilamba Kiaxi comunicou-nos, dissemos que o partido precisava de provas daí que orientámos que o mesmo aceitasse o convite, a partir daí foram realizadas várias reuniões e temos provas em áudio e aí temos esse dinheiro", explicou.

O dinheiro, adiantou Nelito Ekukui, "é prova de que o combate à corrupção, bandeira do senhor Presidente da República, João Lourenço, é uma autêntica mentira, porque os seus colaboradores à luz do dia promovem-na".

"Lamentamos este episódio, queremos apelar que a política deve ser feita com ética, luta política é saudável e MPLA não precisa correr às estruturas da UNITA para mobilizar", atirou o também deputado.

Por seu lado, o secretário-geral da UNITA lamentou a "fome que persiste em Luanda e pelo interior do país", os "graves problemas nos hospitais, situação que é ignorada por quem dirige que pega 22 milhões de kwanzas para dar a pessoas para se manifestarem contra a UNITA".

"Decidimos denunciar esse acto, vamos apresentar uma queixa à PGR a ser protagonizado contra os órgãos do partido no poder, vamos devolver esse dinheiro ao Tesouro Nacional por intermédio da PGR", adiantou Álvaro Chikuamanga.

"No processo que vamos apresentar à PGR vai constar esse dinheiro que deve voltar ao Tesouro Nacional e pedir que a justiça se faça para que o problema da corrupção deva ser encarado com maior responsabilidade", frisou ainda o secretário-geral da UNITA.