"Ao reprovarem este requerimento, tudo ficou provado hoje: a imprensa pública é uma propriedade do partido no poder e não dos angolanos", disse ao Novo Jornal o terceiro vice-presidente da Assembleia Nacional pela UNITA, Ernesto Mulato.

Ernesto Mulato referiu que, nesta fase da pré-campanha eleitoral, a Televisão Pública de Angola (TPA), TV Zimbo, Rádio Nacional de Angola (RNA), Jornal de Angola e Angop, "estão orientados para ofuscarem as actividades realizadas pela oposição".

"A democracia não existe em Angola, só o que é dirigido e aceitado pelo MPLA. Nós sabíamos que este requerimento não podia passar", lamentou, frisando que outros requerimentos de audição remetidos ao presidente da Assembleia Nacional não terão "pernas para andar" pelas mesmas razões.

"O MPLA continuará a ser privilegiado pelos órgãos estatais, mas não fiquem distraídos que tudo tem o seu tempo. Olhem por onde antes e está a passar o ex-Presidente José Eduardo dos Santos e alguns dos seus colaboradores", acrescentou.

De acordo com este deputado, "a oposição só vai ao parlamento para cumprir formalidades".

A pretensão da UNITA foi chumbada com 118 votos contra do MPLA, 48 votos a favor e uma abstenção.

O voto contra a proposta da UNITA foi justificado pelo deputado do MPLA João Pinto, que referiu, em declarações aos jornalistas,, que a iniciativa do partido do 'Galo Negro' "não foi ética" em termos regimentais, argumentando que "não é correcto haver um debate sobre a comunicação social de surpresa".

"Os debates devem atender a regras, não se pode pretender um debate sem dizer quais são as questões do debate apenas para criar factos políticos, para desviar a atenção do descrédito em que a UNITA está inserida e a polémica sobre a sua liderança", disse.