A AI afirma neste documento abrangente que a Covid-19 foi um factor determinante para o aumento da repressão, dirigindo a sua atenção, em especial, para a opressão exercida sobre activistas num contexto de pandemia, ao mesmo tempo que em vários países os dirigentes se aproveitaram da situção pandémica para fortalecer o seu poder e anular forças opositoras ou movimentos contestatários.

O relatório deixa em evidência que, como o enfatiza a AI no título da peça na sua página oficial dedicada à África subsaariana, que "os efeitos devastadores dos conflitos foram agravados pela pandemia", incluindo os conflitos entre activistas e forças de segurança em Angola, apontando que direitos como o de liberdade de expressão e reunião foram fortemente restringidos com força excessiva policial e detenções arbitrárias com a ocorrência de mortes, incluindo de menores.

A AI sublinha que ainda não foram concluídas as investigações aos casos mais graves e que a impunidade é generalizada.

Num contexto mais alargado à geografia subsaariana do continente, onde foram radiografados 35 países, a AI nota que anos a fio de atentados aos direitos fundamentais das populações foram severamente agravados pela pandemia que veio "revelar desigualdades sistémicas massivas" deixando com forte sublinhado a ideia de que os Governos aproveitaram a dispersão do Sars CoV-2 para conter a insatisfação social através de métodos repressivos e violentos.

Este relatório acusa ainda a generalidades das autoridades nacionais de terem "instrumentalizado" a Covid-19 para "intensificarem a repressão dos direitos humanos" em países como Moçambique, Camarões ou a Nigéria, enquanto em Angola ou no Uganda a pandemia foi especialmente usada para reprimir activistas.

O documento debruça-se especialmente sobre o que se passa na província moçambicana de Cabo Delgado e o que se vive na região de Tigray, na Etiópia.

O director regional para a África Ocidental e Austral da Amnistia Internacional, Deprose Muchena, vem, nesta mesma peça, sublinhar que, nestas sub-regiões, "os conflitos entre Estados e grupos armados e ataques às populações civis continuaram e foram mesmo intensificados na maior parte da África subsaariana".