O debate de alto nível a começar terça-feira na Assembleia Geral, em Nova Iorque, com líderes de todo o mundo, surge num momento do conflito ucraniano

Após sete meses de conflito, a ONU acredita que a paz ainda está longe de ser alcançada e aproveitará a Assembleia-Geral para tentar avançar em questões específicas como facilitar a exportação de alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia, garantir a segurança na central nuclear de Zaporijia e assegurar um tratamento digno aos prisioneiros de guerra.

Embora o problema seja mais profundo, a guerra na Ucrânia agravou a crise alimentar em muitos países em desenvolvimento, que exigirão mais apoio das Nações Unidas para evitar uma possível catástrofe.

Segundo a ONU, este ano há o risco de fome em países como o Iémen, Somália, Etiópia, Sudão do Sul, Nigéria ou Afeganistão e durante a próxima semana várias reuniões paralelas serão realizadas em Nova Iorque para tentar impedir que a ameaça se torne realidade.

Enquanto isso, a crise energética decorrente do conflito ucraniano será uma das principais preocupações dos países europeus, que se preparam para um inverno difícil.

A outra grande crise que será discutida na ONU é a climática, já que António Guterres anunciou que usará a próxima semana para procurar mais compromissos nessa área, principalmente entre os países mais ricos.

Também o dossier nuclear iraniano e as relações fracturantes entre as duas grandes potências económicas - Estados Unidos e China - serão temas que mobilizarão atenções na ONU.

Como habitual, será o Brasil o país a abrir os discursos de alto nível na 77.ª Assembleia Geral, pela voz do Presidente do país, Jair Bolsonaro, na manhã de terça-feira.

Contudo, a ordem habitual dos discursos será invertida, uma vez que os Estados Unidos - anfitrião do evento e tradicionalmente o segundo a apresentar-se -, só intervirão na quarta-feira, devido à presença do chefe de Estado, Joe Biden, no funeral da Rainha Isabel II - a decorrer na segunda-feira.

De acordo com Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, o facto de muitas figuras de Estado viajarem para Londres para participar na cerimónia fúnebre da ex-monarca britânica obrigou à alteração da ordem dos trabalhos nas Nações Unidas.

"Os nossos colegas responsáveis pela programação estão realmente a tentar encaixar tudo, porque, obviamente, a mudança nas viagens de alguns líderes mundiais teve impacto nos nossos encontros bilaterais, mas espera-se que o secretário-geral tenha um grande número de reuniões bilaterais com chefes de Estado, Governos, ministros das Relações Exteriores e outros dignitários", disse Dujarric num `briefing` à imprensa.

Inicialmente, pelo menos 90 chefes de Estado planeavam participar nessa cimeira, mas as Nações Unidas já confirmaram que muitos mudaram os seus planos, fazendo-se representar por outras figuras de Estado.