A entidade afirmou em tribunal que as provas como tal não existem facto que aborreceu a juíza Josina Falcão.

O caso do ex-comando "tigres" aqueceu a sessão de julgamento da última sexta-feira,21, no Tribunal Provincial de Luanda, quando a juíza principal solicitou para o esclarecimento dos factos o instrutor do processo junto da Procuradoria-Militar, o tenente-coronel Leonel de Almeida, tendo este deixado muitas incertezas ao tribunal.

Josina Falcão assegurou que o relatório apresentado pela Procuradoria-Militar não é o mesmo em relação ao relatório do comandante da Região Militar de Luanda, tenente-general Rui Fernandes Lopes Afonso, que o tribunal considera grave.

Apesar de a PM não apresentar as provas ao tribunal, o instrutor do processo insistiu em afirmar que as forças de defesa e segurança destruíram em 2020 o campo de concertação do ex-comando "tigres" em Viana e apreendeu vários meios militares.

O magistrado do Ministério Público junto da Procuradoria-Militar, equivocou-se várias vezes no seu interrogatório, tendo assegurado que não há registo fotográfico do desmantelamento do campo de concentração e a destruição das infra-estruturas do ex-comando "tigres".

Aquele magistrado disse em tribunal que não havia infra-estrutura nenhuma no local quando interrogado, facto que depois negou ter dito e assegurou que muitas das coisas já não se lembrava.

Sobre o alegado búnquer encontrado pelas autoridades, o tenente-coronel salientou que não havia nenhum como o atesta o relatório da PM, mas disse tratar-se de um buraco de três metros de profundidade.

Indagado as descrições do alegado campo de concentração militar e a sua infra-estrutura, Leonel de Almeida contradisse-se em tribunal, facto que irritou a juíza principal.

"Esse tempo todo, os senhores não juntaram nos autos as fotografias por que razão? Isso mostra que não existem", disse a juíza.

Josina Falcão salientou que se houvesse de facto as fotografias a ilustrar a operação, o comandante da Região Militar de Luanda não teria feito um relatório diferente da PM pelo que o magistrado do Ministério Público junto da Procuradoria-Militar reconheceu.

Questionado como conduziu a instrução preparatória, respondeu ser pelos factos narrados e apresentados.

"Eu apenas tratei o processo até à fase do interrogatório e daí em diante já não sei nada do processo", disse o magistrado.

No que lhe concerne, a juíza considerou que houve violações gravíssimas no processo, sobretudo no período em que foram detidos os 30 supostos falsos militares.

Seguidos os arguidos, no acto da detenção nada lhes foi dito, mas narram que antes da detenção o tenente-coronel Leonel de Almeida os convidou para juntos subirem num autocarro com o intuito de que iam para um hotel para tratar do processo do ex-comando "tigre" quando, na verdade, foram conduzidos para a prisão.

Contam também que só se aperceberam de que seriam julgados pelo Tribunal Provincial de Luanda em finais do ano passado, pelo que acharam estranho em função de se considerarem militares.

Segundo a acusação do Ministério Público (MP), os supostos falsos militares ostentavam todos graus de oficiais.

Conforme a acusação, o grupo do ex-comando "tigres" em julgamento "são oportunistas que pretendiam ser inseridos na Caixa Social das FAA".

Pode ler aqui os argumentos de defesa.