As questões prévias marcaram o primeiro dia da sessão de julgamento, cuja leitura da acusação e audição dos primeiros arguidos acontece esta sexta-feira. Mas também uma tentativa de agressão por parte do advogado David Mendes a um dos bispos, ficou como marca saliente deste primeiro dia no tribunal de um dos mais mediáticos casos nos últimos anos.

Centenas de fiéis ligados aos pastores brasileiros estiveram na Marginal de Luanda em oração, enquanto decorriam as questões prévias no Palácio Dona Ana Joaquina, que esta quinta-feira esteve sob forte vigilância de dezenas de efectivos da Polícia Nacional.

Antes do início da sessão, o advogado David Mendes, da parte acusadora, tentou esbofetear o bispo brasileiro Honorilton Gonçalves, antigo responsável espiritual da IURD em Angola e Moçambique, quando este lhe dirigiu a palavra no gesto de saudação.

Ambos iniciaram uma discussão que mereceu a intervenção da polícia e dos oficiais de diligência do tribunal.

No final da audiência, o advogado David Mendes disse aos jornalistas que só não deu a bofetada porque o bispo brasileiro Honorilton Gonçalves escapou.

"Ele teve sorte de fugir, porque senão eu lhe dava uma bofetada", afirmou o advogado, assegurando que só teve tal atitude porque o bispo brasileiro lhe terá chamado criminoso.

O juiz principal, Tuti António, apelou à calma entre as partes e avisou que a questão da liderança da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola não será assunto de discussão neste julgamento.

"Recomendo que não se envolvam em violência, controlem os ânimos", apelou o juiz durante as questões prévias (assunto que as partes querem ver esclarecidas antes do iniciou do julgamento).

Esta sexta-feira,19, prossegue a sessão de discussão e julgamento com a leitura da acusação e audição dos primeiros arguidos.

São arguidos no processo o bispo António Miguel Ferraz e os pastores Belo Kifua Miguel e Fernandes Henriques Teixeira. Um dos arguidos está ausente por ter sido deportado juntamente com outros pastores brasileiros.

O bispo Valente Bizerra Luís é o responsável da ala dos pastores dissidentes. A crise interna na IURD começou em Novembro de 2019.

Durante as discussões das questões prévias, os advogados dos pastores brasileiros solicitaram que o tribunal retire a medida de coacção de proibição de saída do País, aplicada aos arguidos.

Já a defesa dos pastores dissidentes, que acusam o bispo António Miguel Ferraz e os pastores Belo Kifua Miguel e Fernandes Henriques Teixeira, consideraram que os defensores dos pastores brasileiros pretendem criar manobra dilatória.

O julgamento retoma sexta-feira e estão arrolados no processo 100 declarantes.