No mesmo período, 15 países atrasaram os esforços de imunização por estarem a lidar com a pandemia de covid-19.

"Embora sete destes países tenham já concluído as campanhas, oito permanecem pendentes, representando um risco de grandes surtos de sarampo", antecipou a OMS.

"Os recentes surtos de sarampo, mas também de febre-amarela, cólera e meningite, todos apontam para lacunas preocupantes na cobertura de imunização e vigilância em África. Ao combatermos a covid-19, não podemos deixar ninguém perigosamente exposto a doenças evitáveis", afirmou Matshidiso Moeti, directora da OMS para África, durante uma conferência de imprensa.

"Exorto todos os países a duplicarem os serviços de saúde essenciais, incluindo campanhas de vacinação que salvem vidas", declarou.

A "baixa cobertura de vacinação de rotina ou o atraso dos esforços de vacinação" estão na origem dos surtos de sarampo, referiu Matshidiso Moeti, afirmando que a vigilância em África caiu para o nível mais baixo dos últimos sete anos, com apenas 11 países a cumprirem os seus objectivos.

O sarampo é uma doença "altamente contagiosa", exigindo pelo menos 95% de cobertura de vacinação na população para evitar surtos. No entanto, a cobertura com a primeira dose da vacina estagnou em cerca de 69% na região africana da OMS desde 2013.

Apenas sete países da região atingiram 95% de cobertura vacinal com sarampo em 2019.

Por outro lado, adverte a OMS, a baixa cobertura contra o sarampo "reflete uma estagnação mais ampla na imunização de rotina em África que, em alguns países, tem sido exacerbada pela pandemia e pelas restrições relacionadas".

A maioria das doenças, incluindo tétano, difteria e febre-amarela, necessita de uma cobertura de 90% da população, mas as taxas de imunização no continente mantiveram-se em cerca de 70 a 75% durante a última década, segundo a OMS.