O visado, José Carlos de Castro, processou, em 2020, Tânia de Carvalho, e a socióloga foi a julgamento no Tribunal de Comarca de Luanda, sob acusação de difamação, no mês de Maio último. O PCA do BAI considerou serem "inverdades e difamatórias" as declarações da comentarista.

O Novo Jornal soube que desde que o PCA do BAI a processou, Tânia de Carvalho deixou de fazer parte do leque de comentaristas do programa "Política no Feminino" da Televisão Pública de Angola.

Segundo a acusação, José Carlos Paiva, o PCA do BAI exigia o pagamento de uma indemnização no valor de 1,3 milhões de dólares, caso se provasse a prática do crime.

A comentarista terá dito no programa que José Carlos de Castro Paiva foi o primeiro presidente da Sonangol UK (Londres) e que terá "cuidado" da empresária Isabel dos Santos e de outros filhos do ex-Presidente da República José Eduardo dos Santos, que faleceu há um mês em Barcelona, Espanha, e também de outros filhos de dirigentes do MPLA.

Segundo a comentarista, José Carlos Paiva foi quem ajudou a empresária Isabel dos Santos a ter um resort na cidade de Caraíba, no Brasil.

Ainda segundo a comentarista, o PCA terá usado o seu cargo de gestor na empresa para transferir uma percentagem de um investimento da petrolífera estatal angolana no BAI para a sua própria conta.

Tânia de Carvalho fez estas declarações na qualidade de analista de assuntos políticos nacionais e internacionais no programa da TPA, emitido a 24 de Janeiro de 2020.

Ao Novo Jornal, Tânia de Carvalho disse ter apenas usado a sua liberdade de expressão enquanto analista.

"Usei a minha liberdade de expressão e fui processada porque o visado exigia um pedido de desculpas públicas e julguei que não devia fazer nenhum tipo de pedido de desculpas, entendendo o facto de as informações replicadas por mim terem sido publicadas por vários órgãos de comunicação social e ele simplesmente escolheu o elo mais fraco", disse Tânia de Carvalho.

Assim sendo, discutido e ponderado, a juíza Marideth Teixeira António, afecta à 1.ª secção da sala dos crimes comuns do Tribunal de Comarca de Luanda, absolveu a ex-comentarista da TPA da acusação por crime de difamação contra o presidente do Banco Angolano de Investimentos (BAI), José Carlos de Castro Paiva, que pedia uma indemnização de 1,3 milhões de dólares.

Ao Novo Jornal a socióloga Tânia de Carvalho salientou que esta foi mais uma forma de os poderosos tentarem ameaçar as pessoas e assegurou que vai continuar a denunciar sempre que tiver provas e fundamentos.

Importa referir que o PCA do BAI, José Carlos de Castro, esteve representado na audiença pela sua advogada, Ana Paula Godinho.