Ao Novo Jornal, o porta-voz da Protecção Civil e Bombeiros (SNPCB), Faustino Minguês, disse que a esta hora ainda não é possível fazer qualquer balanço, adiantando, no entanto, que não terá chovido em todos os municípios da província, por isso a expectativa é que não se repita a tragédia do dia 19 de Abril, em que 14 pessoas perderam a vida como resultado dos aguaceiros que se abateram sobre Luanda.

Electrocução e desabamento de casas e de muros estiveram na origem das 14 mortes.

A capital do País sofreu ainda com a inundação de centenas de habitações, a queda de pelo menos uma ponte, a Ponte do Kamorteiro, quedas de árvores, viaturas destruídas ou severamente danificadas, estradas danificadas e com toneladas de lixo acumulado há meses a serem espalhadas por partes da cidade onde este ainda não tinha surgido como um problema grave.

A província, onde o lixo continua por recolher em vários municípios, torna-se um barril de pólvora sempre que chove intensamente, e espera-se que, com a entrada em cena, no passado dia 24 de Abril, de uma comissão ministerial criada pelo Presidente da República para resolver aquilo a que os populares chamam "crise do lixo", a situação seja finalmente controlada.

Esta comissão, segundo carolina Cerqueira, escolhida por João Lourenço para a liderar, não pretende substituir-se ao Governo Provincial de Luanda (GPL), chefiado por Joana Lina, sendo antes "um seu auxiliar, para em conjunto encontrar solução de um problema gravíssimo, específico".

Os trabalhos estão a ser executados por 12 empresas de construção que "voluntariamente se predispuseram a participar na operação de limpeza de grande envergadura", bem como operadoras com tradição na recolha de lixo, e efectivos das Forças Armadas.

O GPL suspendeu, em Dezembro, os contratos para a recolha do lixo na capital por incapacidade para pagar uma dívida acumulada superior a 300 milhões de euros.

A decisão levou a um amontoar de lixo em Luanda ao longo dos últimos meses, com consequências ambientais e riscos para a saúde pública que o Governo já reconheceu.

Em Fevereiro, o GPL seleccionou sete empresas, entre 39 candidatos que concorreram ao concurso público, para a recolha do lixo, mas o problema ficou longe de ser resolvido.