O essencial dos apoios que a escola Macovi Sport Club recebe, e que lhe permite resistir e sobreviver, com sede no Bairro Popular, em Luanda, segundo o seu presidente de direcção e fundador, Correia Víctor "Mbeco", é o das empresas privadas, embora reconheça ainda a contribuição da administração do distrito urbano Neves Bendinha.

Com sede no Bairro Popular, em Luanda, a Macovi é uma demonstração de que a resiliência pode não merecer o reconhecimento das estruturas do Estado, mas as comunidades sentem o impacto da sua existência e os benefícios das suas actividades, seja no desenvolvimento de actividades desportivas, seja no trabalho junto dos mais vulneráveis da sociedade.

"Infelizmente não recebemos o apoio necessário e merecido do Governo, excepto o apoio institucional da administração do distrito urbano Neves Bendinha e tudo depende dos nossos patrocinadores, principalmente a empresa Saigas (enchimento e distribuição de gás) e a Jonce Construções", esclareceu, destacando o apoio que a escola recebeu há dois anos da UNITEL, que ofereceu 50 computadores.

Macovi Sport Club é primeira escola de xadrez em Angola e actualmente lida com cerca de 1.500 crianças e jovens que fazem parte deste projecto.

"Neste projecto ajudamos muitos jovens que não estudavam e estavam envolvidos na criminalidade e outras práticas negativas, mas hoje são engenheiros, advogados (...) médicos e contribuem para a sociedade noutras profissões", contou ao Novo Jornal Correia Victor "Mbeco".

"Sobrevivemos das nossas quotas, dinamismo e criatividade dos membros da escola que tudo fazem para o projecto não morrer", acrescentou, lamentando que o escritório onde funciona é na sua residência, carecendo, por isso, a escola de uma sede condigna.

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Quanto à relação entre a escola com a Federação Nacional de Xadrez e o Ministério da Juventude e Desportos, disse ser "quase nula", frisando que "apenas se resume a ser institucional, quando participam em campeonatos nacionais".

"Posso dizer que em Angola a Macovi Sport Club é a primeira escola e em África também estamos muito bem posicionados", referiu "Mbeco", salientando que se prevê um aumento gradual das dificuldades para a modalidade de xadrez nos próximos anos, tendo em conta a actual crise financeira e consequente diminuição de patrocinadores.

"Na escola Macovi Sport Club, a partir dos três anos, as crianças já podem dar os primeiros passos no xadrez e levar esta modalidade a todas as escolas é o objectivo", desafiou o responsável, realçando que a modalidade já começou a ser uma disciplina em duas escolas.

"O projecto pretende chegar a todas as escolas de Luanda, depois do lançamento na escola 612-C, junto ao Hospital dos Queimados, que começou em 2014. As aulas são leccionadas em dois períodos, de manhã e à tarde. O programa pretende criar nos alunos hábitos de pensar a longo prazo, incentivá-los a gostar da modalidade e a descobrir novos talentos", disse.

Referiu que apesar das dificuldades, tem vindo a realizar torneios internacionais na plataforma online com a participação de atletas de vários países.

Para além do xadrez, a escola dispõe de outras modalidades como ciclismo, futebol de salão, karate, andebol, judo e basquetebol.

"Nas provas de futebol de salão, todos os anos temos reunido aproximadamente 700 jovens que durante dois meses e todos domingos participam nos campeonatos", contou.

Correia Víctor "Mbeco" lembra que a Macovi foi criada a 25 de Julho de 1999, fruto de um projecto que reunia membros da antiga associação Clube de Amigos do Uíge em Xadrez e surgiu a ideia de criar a Escola Macovi.

O nome é uma forma de homenagear o seu falecido avô e informa que a escola tem núcleos nas províncias do Uíge, Lubango, Lunda-Sul, Malanje e Cunene.

Recordou que desde a sua fundação, a Macovi já formou muitos mestres internacionais de xadrez com destaque para David Silva, Esperança Caxita, Maria Domingos, Domingos júnior e Sónia Rosalina.

Entre os candidatos a mestre destaca-se também, Lutuima Amaro, Delfina João, Sílvio Famorosa e quatro árbitros formados pela Federação Internacional de xadrez.