A associação, denominada Hoje-Ya-Henda, composta por 17 camponeses e 10 camponesas, comercializa o saco de 60 quilos de qualquer produto a 10 mil Kz no final da colheita e, quando não há nenhum constrangimento, chega a vender entre 10 e 14 sacos, sendo Luanda o principal destino dos alimentos.

A associação passou a acolher pessoas provenientes de qualquer ponto da província que estejam a passar por necessidades extrema e queiram dar a volta à situação, como é o caso de Madalena João, que saiu de Luanda para Malanje à procura de melhores condições de vida no campo.

"Vivia em Luanda e vim para aqui à procura de melhores condições de vida porque com a cerveja, a gasosa e a água que vendia em Viana, na ponte amarela, não conseguia sustentar os filhos, então aceitei o convite de um familiar para vir cá e, desde o dia 18 de Dezembro de 2019 já facturei 700 mil kz".

A camponesa, de 49 anos, fica 15 dia na Quizenga, zona de produção, e depois de preparar a terra, colocando as mabangas (as ondas na terra onde são postas as sementes) regressa a Luanda, fazendo compasso de espera para a fase da colheita numa área de 3 hectares.

Ana da Costa, moradora da comuna da Quizenga, começa a lamentar as perdas causadas devido à estiagem, que destrói a produção.

"Semeámos milho, batata, infelizmente não cresceu por falta de chuva, só a mandioca é que está dando um sinal devido ao sereno que caiu no dia 2", lamenta a agricultora, que se queixa da falta de apoio de outras instituições, sobretudo do Ministério da Agricultura e Pescas.

Para a sustentabilidade da associação e na tentativa de a manter de pé, Fernando Alexandre, coordenador da associação, explicou à equipa do Novo Jornal que todos os fins da colheita são depositados cerca de 350 mil Kz no banco e que cada membro da associação pode levar para casa entre 20 mil e 30 mil kz, dependendo da quantidade de produtos que é vendida.

"Criámos e coordenamos a associação para todos juntos lutarmos por uma única causa que é a fome e a pobreza. Não temos ajuda do governo da província e estamos a fazer o que podemos", conta o mais velho de 60 anos, acrescentado que o dinheiro que é depositado também serve para pagar aos donos das máquinas que vão trabalhar os cinco hectares de terra pertencentes à associação para o cultivo de vários produtos.

"O dinheiro que ganhamos neste trabalho gastamos mesmo em casa em comida, doenças e qualquer outro problema que possa existir nas nossas vidas".

Praga preocupa os agricultores

Como se a falta de chuva na província não bastasse, dona Catarina Diogo Filipe, moradora da comuna do Kipacassa, lamenta a presença das pragas e avisa que já alertou a administração da comuna sobre a actuação das pragas, mas ainda não recebeu qualquer remédio para combatê-las.

"As pragas estão acabando com toda a plantação. Por exemplo, este ano não conseguimos produzir quase nada porque a falta de chuva e a presença das pragas impediram que vendêssemos qualquer produto. Só temos para o consumo em casa", lamenta a camponesa.