Os primeiros três profissionais a receber as carteiras profissionais foram os jornalistas Siona Casimiro, Rui Ramos e Maria Luísa Fançony, por sinal a única mulher a exercer o cargo de directora-geral de um órgão de comunicação social em Angola, num acto testemunhado pelo ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Manuel Homem, e por vários profissionais da classe.

A presidente da Comissão da Carteira e Ética, Luísa Rogério, que fez a entrega da primeira carteira ao jornalista Siona Casimiro, de 77 anos, disse aos presentes que o jornalismo angolano conhece hoje uma nova etapa enquanto profissão.

"São contabilizadas três décadas desde que o País proclamou a Liberdade de Imprensa. E quem a partir de hoje for portador da carteira profissional de jornalista não será apenas portador de mais um documento, mas sim um profissional comprometido com os princípios deontológicos e éticos", afirmou.

Segundo Luísa Rogério, a partir desta sexta-feira, 19, o jornalismo angolano deixa de ser terreno de todos e de ninguém onde qualquer um se intitula como tal.

"É hora de colocarmos um basta na situação. Vamos trabalhar mais e anunciar menos e respeitar a profissão. Pois muitos profissionais que receberam as carteiras hoje irão deixá-las por incompatibilidade e isso serve para todos os que se encontram nas mesmas condições de hoje em diante", disse a presidente da CCE, acrescentando que "a vida é feita de escolhas".

Ismael Mateus, um dos contemplados que recebeu a sua carteira profissional, mas que por razões de incompatibilidade teve de a devolver à CCE, disse à imprensa que é um homem feliz por testemunhar este momento.

"A partir de agora temos a oportunidade de termos jornalistas, porque as pessoas para exercerem a profissão têm de ter uma carteira que as habilita e já não serão jornalistas por amiguismo. Temos de seguir aquilo que está previsto na Lei", afirmou.

O líder do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, disse no acto que a carteira profissional vai fazer com que os jornalistas respeitem mais o Código de Ética e Deontologia Profissional sob pena de perderam a carteira.

"Cada um que receber a carteira deve honrar a luta dedicada por vários profissionais que fizeram com que este momento fosse um facto. Daqui para frente vamos fazer um jornalismo que respeite todas as esferas e nos orgulhe. Não um jornalismo que nos envergonhe como temos vindo a verificar", realçou.

Maria Luísa Fançony, a única mulher a exercer o cargo de directora-geral de um órgão de comunicação social em Angola, afirmou que com a recepção da carteira profissional as responsabilidades serão redobradas pelo facto ser ser uma pessoa que inspira gerações.

Entretanto, dois profissionais do Novo Jornal também fizeram parte das primeiras 50 carteiras profissionais de jornalista, as primeiras da história da profissão no País: o jornalista Hortêncio Sebastião e o fotojornalista Quintiliano dos Santos, ambos da geração de jornalistas do período pós-independência.

A Comissão da Carteira e Ética (CEE) fez a entrega de 50 carteiras aos jornalistas da geração de que trabalha desde o período pós-independência até 1985.

Em Maio próximo serão entregues outras carteiras profissionais aos jornalistas da geração de 90 até aos nossos dias.