"Pensava-se que havia alguns factores genéticos numa fase inicial em relação à raça negra, à temperatura, mas a Covid-19 já mostrou que ultrapassou todas estas barreiras. Já temos Covid-19 em África e a situação pode piorar a partir de Maio, porque começa a baixar a temperatura e a possibilidade de as pessoas serem infectadas nessa altura é maior", afirmou.

As autoridades angolanas têm previsto, com base em projecções da Organização Mundial de Saúde (OMS), o pico da pandemia com cerca de 10 mil casos em Junho, dos quais 15%, ou seja, cerca de 1500 casos, com manifestações leves, e 5%, cerca de 500 pessoas, que poderão ter complicações de saúde graves ou morrer, mas ainda "é tudo muito imprevisível", acentuou.

Por isso, repetiu a ministra, as medidas para controlar a epidemia têm de ser tomadas agora para que o pior cenário não se concretize.

"Vamos aprendendo todos os dias, não sabemos como será, se eventualmente houver transmissão comunitária qual será o comportamento da Covid-19 na nossa realidade", acrescentou.

Sobre a convocação de profissionais de saúde reformados, a ministra explicou que alguns que se apresentaram "de forma voluntária" e outros juntarão "a sua força" ao combate contra a Covid-19 "no cumprimento do dever".

Na próxima semana, esclareceu Sílvia Lutucuta, está prevista a chegada a Angola um contingente de médicos cubanos, estando a ser desenvolvidos contactos no mesmo sentido com a China.

A responsável governamental acredita que em Abril será dado "um salto muito grande" na capacidade de diagnóstico, disse ainda que o Ministério da Saúde está a reforçar os meios de terapia intensiva para apoiar os doentes, estando em fase de aquisição 380 ventiladores para todo o País.

Estão igualmente a ser feitas "acções de formação acelerada" para os técnicos e a ser adquiridos testes fabricados em Inglaterra "para fazer testagem em massa", devendo o laboratório de referência passar apenas a fazer a confirmação, explicou a titular da pasta da Saúde, que espera, no final da próxima semana, dar início à fase de amostragens aleatórias, para perceber se existe ou não circulação comunitária do vírus, direccionadas para locais de grande concentração e hospitais.

A ministra informou ainda que foram também colhidas amostras de todos os cidadãos que se encontram em quarentena institucional e "no sábado ou no domingo devem ser conhecidos os resultados para todos", revelou.

Angola regista oito casos de infecção, dos quais resultaram duas mortes, Moçambique 10 casos e a Guiné-Bissau nove.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 57 mil.