Para além da condenação a uma pena de prisão maior de 24 anos, o réu foi obrigado a pagar uma indemnização de cinco milhões de kwanzas à família da vítima e 200 mil de taxa de justiça.

Francisco dos Santos, inspector do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, era casado, mas mantinha uma relação que era do conhecimento da esposa.

Apesar de ter sido condenado à pena máxima, o réu respondeu ao processo em liberdade por excesso de prisão preventiva e assim vai continuar porque o seu advogado, Salvador Freire, interpôs recurso da decisão e o tribunal anuiu.

O réu ficou, no entanto, proibido de frequentar o mesmo local ou de estar próximo dos familiares da vítima.

A juíza da causa disse que ficou provado que o réu cometeu o crime de que está acusado, não tendo mostrado arrependimento durante o julgamento.

Francisco Santos, a mando da juíza, pediu perdão à família da jornalista da RNA.

Segundo a acusação, no dia 18 de Fevereiro de 2019, data de aniversário de uma das filhas da vítima, declarante no processo, a mulher convidou o namorado para irem juntos à festa, e ambos dançaram e beberam, como se de um casal feliz se tratasse.

Na hora de irem embora, o réu, ao entrar na viatura da vítima, notou que o assento do banco do acompanhante estava muito puxado para a frente e começou a ofender a mulher em frente das amigas, acusando-a de ter dado boleia a um suposto amante.

As testemunhas contaram que, cansada, Maria Goreth parou a viatura, dizendo que não aguentava mais as ofensas do namorado e implorando-lhe que parasse.

Conforme narra a acusação, a mulher foi espancada até à morte pelo réu, oficial dos bombeiros, facto certificado pelos exames laboratoriais do Serviço de Investigação Criminal.

A jornalista foi encontrada morta no quintal de casa, no Zango 4, sem roupa e com sinais de espancamento.

Segundo a juíza da causa, o réu dirigiu-se à esquadra policial do Zango e informou o comandante da unidade da discussão, falando em agressões mútuas, dizendo, no entanto, que não sabia se estava viva ou não.

"Os efectivos da polícia, quando chegaram ao local do crime, notaram que a mulher já estava morta e detiveram-no, pois, mesmo sendo bombeiro, não prestou os primeiros socorros à vítima nem pediu ajuda aos vizinhos, o que atesta que teve de facto a intenção de lhe tirar a vida", descreveu a juíza.

Para a família da vítima, a justiça foi feita e o pedido de desculpas do homicida aceite.

"A ferida que nos causou não será apagada. Aceito a condenação, mas não vi sinceridade no pedido de perdão que fez à minha família. Mas está perdoado", disse a filha, em lágrimas.