A descoberta deste depósito pela ENI, que a petrolífera angolana sinaliza como "importante", contém uma quantidade de barris estimada entre os 450 milhões e os 650 milhões, o que faz deste um dos mais importantes poços existentes no offshore angolano.
Este furo, para a descoberta desta reservas, chegou aos 4.450 metros de profundidade, onde encontrou, nota ainda a Sonangol, "um reservatório com excelentes propriedades petrofísicas".
Recorde-se que actualmente, a ENI tem uma produção diária de 150 mil barris, que pode, agora, subir, com esta descoberta, para os 170 mil, pelo menos, sendo o principal produtor para a petrolífera italiana na África subsaariana, tendo o país sido identificado pela ENI como um dos importantes contribuintes para os 600 milhões de barris descobertos em 2018.
Até esta descoberta, o campo Kalimba, descoberto em Junho do ano passado, também no Bloco 15/06, com até 300 milhões de barris de óleo leve, e o Afoxé, descoberto em Dezembro, com até 200 milhões de barris, eram as estrelas da ENI e da Sonangol, no Bloco 15/06, agora ultrapassados pelo Agogo-1ST1, que pode chegar aos 650 milhões.
"As duas descobertas confirmaram o potencial petrolífero da parte sudeste do bloco que, até à data, se pensava ser mais propenso a ter gás", afirma a ENI.
A petrolífera, como foi anunciado recentemente, está "a estudar a maneira mais eficiente para desenvolver estas descobertas e a capacidade de tratamento disponível do navio Olombendo", que armazena e distribui a produção do bloco.
Descoberta ajuda a combater declínio na produção nacional
Angola vai exportar em Abril uma quantidade de petróleo tão reduzida que só tem paralelo com os números de há 11 anos, o que sugere, avançava há dias a agência Bloomberg, a existência de problemas estruturais sérios a afectar o principal produto de exportação do país.
Estes dados recolhidos pela Bloomberg encaixam nas previsões de a Agência Internacional de Energia (AIE) fez em Março de 2018, onde apontava para um decréscimo na produção nacional para 1,29 milhões de barris por dia em 2023.
A AIE, como o NJOnline noticiou em Março de 2018, justificava este declínio com a deterioração das infra-estruturas produtivas nacionais por causa do desinvestimento das multinacionais do sector em resultado da queda abrupta do valor do crude nos mercados internacionais a partir de meados de 2014.
Agora, segundo dados recolhidos pela Bloomberg, em Abril, Angola vai exportar apenas 1.31 milhões de barris por dia durante o mês de Abril, valor apenas igualado pelo registado em Março de 2008.
Tão reduzidas exportações apontam para, pelo menos aparentemente, o insucesso das medidas tomadas pelo Governo no sentido de incentivar as companhias a operar no país para aumentarem a produção, sendo disso exemplo claro a legislação criada para incentivar, através da diminuição de taxas, a extracção de crude dos denominados campos marginais, que são aqueles que têm menos de 300 mil barris potenciais.
Estes dados colidem de frente ainda com o que foi estimado pelo ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino Azevedo, que em Dezembro último disse que foi elaborado um plano de licitação de novos blocos de exploração de petróleo para manter o equilíbrio na produção em 1,49 milhões de barris por dia, no âmbito do cumprimento do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) para o quinquénio 2018/2022.
De notar ainda que estes valores, claramente abaixo do estimado pelo Governo, ultrapassam largamente aquilo que foram os compromissos assumidos pelo país, enquanto membro da OPEP, no âmbito dos cortes planeados para impulsionar em alta o valor do barril, onde Angola ficou de cortar 47 mil barris por dia à sua produção normal.
Com estes valores para Abril, Angola estará a produzir menos cerca de 200 mil barris por dia que aquilo que é a produção média considerada razoável pelo Ministério dos Petróleos.