Citada pelo jornal suíço Tages-Anzeiger, a Procuradoria-Geral da Suíça disse que "como parte de procedimentos criminais a serem levados a cabo contra pessoas desconhecidas sob suspeita de lavagem de dinheiro, os escritórios da procuradoria, com o apoio da polícia federal, fizeram buscas em diversas localidades do país".
A Procuradoria acrescentou que as buscas foram coordenadas "com outra autoridade", mas não revelou os locais das buscas nem a quem eles pertencem.
No entanto, o mesmo jornal suíço afirma que as autoridades fiscais tinham feito buscas à sede da Quantum Global em Zurique e à sede da companhia Turtle Management, ambas propriedade de Jean-Claude Bastos de Morais, sócio de José Filomeno dos Santos.
De recordar que a Quantum Global era a companhia que geria os investimentos do Fundo Soberano de Angola (FSDEA) quando este era administrado por José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente, José Eduardo dos Santos.
Também as autoridades das Ilhas Maurícias e um banco inglês ordenaram o congelamento de 58 contas da Quantum Global, estando previstas duas audiências nas Maurícias sobre esta questão no próximo dia 24 de Julho.
O primeiro caso envolve a recusa da Comissão de Serviços Financeiros de restituir a autorização para as operações da Quantum Global nas Maurícias.
O segundo caso tem a ver com o congelamento das suas contas a pedido das Unidade de Investigação Financeira que disse ter havido transferências suspeitas de cerca de 30 milhões de dólares poucos dias antes do congelamento das contas.
A Quantum Global tem negado qualquer ilegalidade nas suas operações com dinheiro do Fundo Soberano de Angola, tendo mesmo acusado a actual administração do FSDEA de estar a destruir o valor dos seus próprios investimentos com os processos legais em curso, dizendo, em comunicado no princípio de Maio, que os investimentos - 3.000 dos 5.000 milhões de dólares de dotação do FSDEA - "estão intactos e devidamente justificados".
No entanto, como lembra o jornal suíço Tages-Anzeiger, as revelações dos Paradise Papers, publicadas desde Novembro, "mostraram como Bastos, com a Quantum Global, administrava o Fundo Soberano de Angola e, pessoalmente, lucrava muito com isso. Por um lado, recebeu honorários da administração, mas, por outro lado, deixou que o Fundo Soberano investisse várias centenas de milhões de dólares em projectos que lhe pertenciam".
O Tages-Anzeiger escreve também que "o facto de o Ministério Público tratar agora não só do Fundo Soberano, mas também do Banco Nacional de Angola, sugere que a sua circunstância está relacionada com um caso que também provocou uma investigação em Angola".
"O ex-presidente do Fundo Soberano e filho do ex-presidente angolano, José Filomeno dos Santos, que estava intimamente relacionado com Bastos, tentou transferir 500 milhões de dólares do país no ano passado, com o apoio do então presidente do Banco Nacional. A transferência foi interrompida num banco em Londres que avisou as autoridades do plano. Entretanto, o procurador angolano investiga contra José Filomeno dos Santos e o antigo presidente do Banco Nacional por fraude, desfalque e lavagem de dinheiro, acrescenta o jornal.
O jornal suíço avança que Jean-Claude Bastos de Morais está actualmente em Angola, segundo informações do seu porta-voz.