A informação foi avançada esta segunda-feira, 25, pelo presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Carlos Saturnino, durante uma conferência de imprensa que marcou o 43º aniversário que a petrolífera assinala hoje.
"A empresa adoptou, em 2018, uma política de redução de custos e poupou mais de mil milhões de dólares, sendo mil milhões no Bloco 20 e 21, 391.5 milhões nos Navios-Sonda adquiridos na Coreia do Sul, 14 milhões na empresa Odebres e 20 milhões na sociedade KCDA", disse o PCA da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola.
"Nós temos vindo a perder no gasóleo de 2015 a 2018 cerca de 0,60 dólares e na gasolina nós perdemos 0.68 dólares por litro, mas o caso mais caricato e que mais prejudica a empresa é distribuição do Jet A1 (combustível para aviões), que por via de um conjunto de regras, que temos de seguir, estamos a vender hoje a 0.36 dólares quando o custo de produção é de 0.51 USD", explicou Carlos Saturnino.
Esta situação leva a que as companhias áreas que operam de e para Angola prefiram abastecer os aviões no Aeroporto 4 de Fevereiro, levando a que se configure uma situação em que quanto mais vende, mais perde, contrariando os mais elementares alicerces de qualquer negócio.
O PCA da Sonangol salientou que esse produto é vendido em kwanzas e ao câmbio do Banco Nacional de Angola (BNA) a todas companhias internas e internacionais porque a Sonangol está obrigada por lei a fazê-lo.
Segundo Carlos Saturnino, a Sonangol tem estado a sofrer um impacto muito negativo no que toca às actividades do Downstream, que é toda a área de refinação de crude, muito por causa da desvalorização da moeda nacional, tendo em contaque em Janeiro de 2016, a ultima vez que se fez a revisão dos preços, a taxa de câmbio era de 1 dólar para 155 kwanzas.
"Nessa altura o preço do gasóleo era o equivalente a 87 cêntimo do dólares e o preço da gasolina era de equivalente a 1.03 dólares, entretanto, hoje, a taxa de câmbio do dólar para o kz está a 313.7 e nós estamos a comercializar o gasóleo a 43 cêntimos de dólar e a gasolina a 51 cêntimos do dólar", explicou.
Já o Administrador Executivo da Sonangol, Baltazar Miguel, que fez parte da conferencia de imprensa, acrescentou que no ano passado a Sonangol teve um impacto negativo na área da logística de mais de mil milhões de dólares,
"Hoje, das projecções que estamos a ter das duas subsidiárias, da Logística e da Distribuidora, na Logística está claro que para 2019 é negativa. E quanto à Distribuidora, continua a questão da depreciação da moeda e sobretudo a questão dos custos da importação que subiram acima dos 31 por cento, o que coloca a Distribuidora num cenário financeiro muito complicado", notou Baltazar Miguel.
Devido à ausência de liquidez, refere Baltazar Miguel, uma boa parte das receitas da Sonangol Logística e Distribuidora não vão para o Sonangol, o que faz com que essas duas empresas estejam a caminhar para uma situação muito complicada.
Cautelas com a questão da UNITEL
Sobre a retirada dos activos da companhia na operadora de telefonia UNITEL, o PCA da Sonangol disse que o processo de negociação está a ser discutidos e analisado com cautelas e que há muitos interessados em comprar os activos que a Sanongol detém na UNITEL, especialmente os bancos comercias.
Carlos Saturnino não aceitou dizer qual o valor dos activos da Sonangol na UNITEL alegando questões estratégia de mercado.
"Se divulgarmos agora qual é o valor não vai fazer sentido, tanto para nós que queremos vender, como para os interessados em comprá-los, porque pode ser barato ou caro. O que posso dizer é que têm havido muitos interessados em adquirir os activos da Sonangol ", referiu.
Durante a conferência de imprensa, que já é de tradição realizar para marcar mais um aniversário, a Sonangol informou que teve lugar em 2018 a paralisação da Refinaria de Luanda, para manutenção, nove anos após a última intervenção, e, em consequência dessa paralisação, que foi de dois meses, a produção de refinados decresceu em 27 por cento.
Em 2018, refere a Sonangol, a empresa adquiriu 4.24 mil toneladas métricas de produtos refinados, 12 por cento abaixo do volume do ano anterior.
Em termos de comercialização externa de petróleo bruto foram exportados 125.998 milhões de barris, o que permitiu arrecadar uma receita de 8,9 mil milhões de dólares, 38 por cento superiores à receita do ano anterior.
Não obstante se ter verificado, em 2018, um aumento considerado do preço médio do petróleo bruto, os proveitos do grupo subiram apenas 2 por cento, essa pequena variação é justificada pela forte depreciação da moeda e pelo facto dos preços dos refinados ainda serem fixados.