Donald Trump está a ser alvo de um processo de impeachment na câmara dos Representantes, de maioria Democrata, por alegadamente ter utilizado o cargo para pressionar o seu homólogo ucraniano no sentido deste mandar a Procuradoria abrir um processo judicial contra o antigo vice-Presidente de Barack Obama, Joe Biden, o seu mais que provável adversário, nomeado pelo Partido Democrata, nas eleições de 2020.
Isto, porque Joe Biden e o seu filho, Hunter Biden, terão, alega a defesa de Trump - o próprio já disse publicamente que os Biden são corruptos - cometido ilegalidades passíveis de investigação na Ucrânia quando tinham ligações laborais no país. Se o Presidente Volodymyr Zelensky tivesse anuído, teria permitido a Trump ganhar vantagens na disputa eleitoral.
O Presidente norte-americano, segundo afirmam os autores deste relatório, procurou obrigar Zelensky a comprometer Biden com a ameaça de que os EUA travariam um apoio financeiro no valor de centenas de milhões de dólares no âmbito da cooperação militar bilateral. E ainda através da ameaça de suspender uma visita deste à Casa Branca.
O documento, que, como se sabia, deixa claro que a maioria Democrata da câmara dos Representantes vai fazer avançar o processo de destituição para o Senado, onde, a maioria Republicana, partido de Trump, o deverá travar sem margem para dúvidas, apesar de haver uma grande comunhão de analistas que admitem de forma clara que Trump colocou, como o documento também aponta, os seus interesses pessoais à frente dos interesses dos EUA.
"Uma falsidade", reagiu a Casa Branca a este relatório, sugerindo os serviços de imprensa do Presidente que o documento, com mais de 300 páginas, não apresenta quaisquer provas do que afirma, tendo a porta-voz de Trump, Stephanie Grisham, adiantado que o relatório é uma amálgama de "frustrações" dos democratas na câmara dos Representantes.
Trump não se tem cansado de afirmar que está a ser alvo da "maior caça às bruxas da história dos EUA", refutando sempre as acusações.
Os democratas que redigiram o documento não têm, todavia, dúvidas de que Trump abusou do poder conferido pelo cargo que ocupa, colocou em causa a segurança nacional, comprometeu a idoneidade dos EUA, o que consideram se mais que suficiente para afastar o actual inquilino da Casa Branca.
A seguir a este relatório, os Representantes têm agora, no âmbito da comissão judicial, de produzir a documentação processual que uma destituição exige com a relação de provas que sustentam a acusação.
Nomeadamente o telefonema entre Trump e Zelensky, a 25 de Julho, onde o norte-americano pede um favor ao europeu no sentido deste agir de forma a garantir que a PGR ucraniana iria investigar por corrupção Joe Biden e o seu filho, na altura a trabalhar numa empresa ucraniana.
Provavelmente, Trump, o quarto inquilino da Casa Branca a ser alvo de um processo de impeachment, sairá desta situação sem a conclusão deste processo, que será extinto no Senado pela maioria republicana, tal como sucedeu com Andrew Johnson, que governou entre 1865 e 1869, e Bill Clinton, 1993 a 2001.
Richard Nixon, eleito em 1969, foi igualmente alvo de um processo idêntico, mas "safou-se" ao optar, em 1974, pela renúncia ao mandato antes da votação no Congresso.
Até hoje, nenhum Presidente dos EUA foi destituído por esta via.