Os partidos da oposição da República Democrática do Congo (RDC) que não assinaram o acordo político para a transição política anunciaram um "meeting" para amanhã, Sábado, ao qual a polícia já respondeu dizendo que não vai permitir a sua realização, criando mais um momento de tensão no país.
Este encontro foi marcado pelos partidos que se opõem ao acordo que a Maioria Presidencial (MP), de Joseph Kabila, assinou com algumas forças políticas de menor expressão eleitoral, incluindo a União para a Democracia e Progresso Social (UDPS), de Etienne Tshisekedi, um dos mais aguerridos opositores ao Presidente da República.
Os denominados partidos do "Rassemblement", que convocaram a manifestação de 19 de Setembro para exigir a realização das eleições presidenciais na data prevista pela Constituição, a 20 de Novembro, da qual resultaram confrontos com a polícia que provocaram pelo menos 50 mortos, justificam este ajuntamento para reafirmar a exigência do cumprimento do calendário eleitoral.
Depois dos confrontos de 19 e 20 de Setembro deste ano, as autoridades de Kinshasa proibiram todas as manifestações de carácter político, que agora o "rassemblement" desafia, como o fez notar o secretário-geral da UDPS, Jean-Marc Kabund, em entrevista à Okapi, afirmando que o "Artigo 26 da Constituição consagra a liberdade de expressão, de opinião e de manifestação a todas as organizações cidadãs ou políticas".
Perante mais um desafio às autoridades, a UDPS e os demais partidos que não assinaram o acordo político de iniciativa da MP de Joseph Kabila, podem contar com a acção da polícia, que já deixou claro que não vai permitir a realização desta acção política de rua, marcada para as imediações do Estádio dos Mártires, na congolesa.
A polícia afirma, segundo a imprensa de Kinshasa, que não recebeu nenhum pedido de autorização da manifestação agendada para amanhã, nem recebeu orientações que contrariem a ordem emanada após os tumultos de 19 e 20 de Setembro.
Os organizadores fazem notar, pelo seu lado lado, que não há nenhuma disposição constitucional que obrigue a um pedido de autorização, impondo apenas a informação de que a iniciativa vai ter lugar, coisa que Jean-Marc Kabund garante que foi feito, na quarta-feira, para as 11:00 locais.
O SG da UDPS deixou mesmo um aviso: "Se a polícia se intrometer, procurando obstruir esta iniciativa da população, terá de assumir a pesada responsabilidade por todas as consequências".
Coisa que deverá ocorrer, porque, de acordo com o porta-voz da Polícia Nacional congolesa, coronel Pierrot Mwanamputu, não foi produzida nenhuma autorização para esta manifestação e não vai permitir "nenhuma alteração à ordem pública", desaconselhando "vivamente" a que esta tenha lugar.
África preocupada com a RDC
A instabilidade na RDC foi o principal tema da reunião da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), presidida por Angola, que teve lugar no dia 26 de Outubro, em Luanda.
Nessa reunião, que contou com o apoio da União Africana e a ONU, José Eduardo dos Santos, que presidente à CIRGL, defendeu o acordo político de transição assinado em Kinshasa, lembrando que ele está aberto à adesão das forças políticas que não aderiram na primeira fase.
O Presidente angolano fez um claro sublinhado à ideia de que a paz e a estabilidade são essenciais para o desenvolvimento da RDC e que aqueles que procuram o poder, devem ter em conta que é mais fácil governar um país em paz e estável que um país devastado pelos conflitos.
E pediu a Etienne Tshisekedi e aos restantes lideres políticos que não assinaram o acordo, que o façam, porque o documento é claro quando ao período de transição, no qual Joseph Kabila deverá manter o poder até à eleição do seu substituto, em Abril de 2018, mas que o primeiro ministro será nomeado pela oposição.