Em declarações citadas pela Lusa, Tchizé dos Santos afirma que o actual chefe de Estado está a fazer um "golpe de Estado às instituições" em Angola e pede a destituição de João Lourenço, avançando que está "involuntariamente" fora do país devido à doença da filha e que há vários meses está a ser "intimidada" por dirigentes do partido.
Estas declarações chocam, contudo, com outras reveladas nas redes sociais, onde, sobre a destituição, a também membro do Comité Central do MPLA, garante que não pediu a destituição de João Lourenço e que disse apenas que os actos do Presidente da República ferem a Constituição angolana e, por isso, pode ser alvo de um "impeachment".
Noutros áudios divulgados nos media sociais, Tchizé dos Santos justifica a sua prolongada ausência do país com o "facto" de estar a ser perseguida, admitindo receio de que possa ser detida quando voltar a Angola, dando como exemplo, para justificar esse receio, as recentes detenções do seu irmão, José Filomeno dos Santos, entretanto já em liberdade, ou do ex-ministro Manuel Rabelais.
Face a estas declarações, citado igualmente pela Lusa, o porta-voz do MPLA considerou como "muito graves" as declarações de Tchizé dos Santos e que o partido as vai analisar à luz dos estatutos partidários.
Uma dessas afirmações, consideradas graves pelo MPLA, é aquela onde a deputada diz que é João Lourenço que lhe está a "fazer perseguição através do MPLA", porque "ninguém no MPLA toma uma atitude sem a autorização do Presidente, ou sem a sua orientação".
Paulo Pombolo pede "provas" do que afirma Tchizé dos Santos e considera muito grave este comportamento e absurdas as suas palavras.
"Exigir a destituição do Presidente João Lourenço? Acusar o Presidente de ser um ditador? De estar a fazer um golpe de Estado às instituições em Angola? Tem provas? São palavras absurdas e declarações graves, muito graves, que o partido vai analisar", incluindo pela sua comissão de disciplina, disse ainda o porta-voz do MPLA.
"A camarada Tchizé dos Santos, como membro do Comité Central, sabe que há regras e normas a cumprir e está a portar-se mal", afirmou, lembrando que tudo começou com uma carta do grupo parlamentar do MPLA, datada de 7 de maio, a "aconselhar" a deputada a suspender temporariamente o mandato por estar ausente do Parlamento há mais de 90 dias, sendo que se essa atitude não partir da própria, o partido, à luz dos seus estatutos, pode fazê-lo, tanto nos órgãos do MPLA como no seu grupo parlamentar.