O encontro, uma iniciativa de João Lourenço que não tem paralelo na história de Angola, teve como mote a discussão com membros de organizações da sociedade civil, alguns deles perseguidos judicialmente nos últimos anos, sobre "temas da actualidade".

O activista, tal como os restantes convidados, um grupo de 13 representantes de organizações não-governamentais, ou activistas sem ligação a quaisquer organizações, dirigiu-se à hora combinada, ao início da manhã de hoje, ao Palácio da Cidade Alta mas, quando chegou ao local onde são realizados os procedimentos de segurança, como a passagem pelo detector de metais, e é fornecido aos convidados um crachá com a sua identificação, viu a passagem negada.

Segundo o NJOnline soube no local, Rafael Marques foi informado que o seu nome não constava da lista que o funcionário da segurança possuía, apesar de terem sido os próprios serviços de assessoria de João Lourenço a contactarem telefonicamente o autor do site "Maka Angola" para estar presente.

O próprio conta a sua versão dos acontecimentos no site que dirige: "Durante cerca de 20 minutos, tive a oportunidade de conversar com o Luaty Beirão, a Alexandra Simeão e o Frei Júlio Candeeiro numa das salas de espera do Protocolo da Presidência. Durante esse período, passaram por nós, a seu tempo, dois funcionários com listas, a confirmar a nossa presença, entre outros que nos cumprimentaram à distância".

Marques adianta o que sucedeu a seguir, em conjunto com os restantes convidados: "Fomos encaminhados ao palácio, do outro lado da rua, onde nos aglomerámos junto ao detector de metais para a certificação final dos convidados"

E ainda que: "Após a entrada prioritária dos jornalistas, fez-se então a chamada dos convidados. Havia um segundo indivíduo com outra lista de chamadas a confirmar. E assim foram todos passando pelo detector de metais e devidos procedimentos de segurança. Fui o último. O chamador referiu que já só tinha na lista o nome do Job Capapinha, um dirigente do MPLA nas vestes de sociedade civil, e leu mais uma ou duas organizações também ligadas ao partido no poder. Disse que o meu nome não constava da lista e que eu não podia entrar. O outro confirmou. Agradeci."

"Porque acredito na boa vontade do presidente João Lourenço, acedi ao convite para participar do encontro", sustenta Marques para justificar a ida ao Palácio Presidencial, embora tal não tenha acontecido porque "a segurança não permitiu" a sua entrada, por "não constar da lista final de convidados"

"Os serviços de apoio do PR até podem ter uma melhor explicação. Vi à porta altos funcionários da Presidência e da assessoria de imprensa", diz com ironia, concluindo: "Eu estive lá, mas não me deixaram entrar".

A Casa Civil do Presidente da República informou, esta segunda-feira, numa nota de imprensa, que, além de Rafael Marques, tinham sido ainda convidados membros da associação Handeka, da Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), a Associação Mãos Livres, a OMUNGA, o Centro Cultural Mosaiko, a Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), a AMANGOLA e os Conselhos Nacional e Provincial da Juventude.