NJ - As últimas exonerações e nomeações de João Lourenço levaram-no a ironizar nas redes sociais que ficaria sem motivos para crítica, e que provavelmente por este andar da carruagem não saberia o que desenhar. Estamos em presença do fim de uma era do cartoon do Sérgio Piçarra?
SP - Não, claro que não. Foi uma brincadeira, querendo dizer que João Lourenço está a dar sinais de querer acabar com o "absurdistão" em que temos vivido, o que é bom, mas, por outro lado, retira-me terreno "cartunístico", o que é mau para mim [risos]. Mas, como o paraíso na terra não existe, ainda vou andar por cá, enquanto for possível.
NJ - O anterior regime ou a anterior governação é de certa forma responsável pelo artista em que o Sérgio Piçarra se transformou e é hoje?
SP - Nunca tinha pensado nisso! [risos] A resposta é sim e não. Porque, por um lado, um artista, se o é, deve sê-lo sempre, independentemente das circunstâncias. Tudo depende de como ele se posiciona diante dessas circunstâncias. No caso concreto, com o "kafrique" que vivemos a nível da liberdade de expressão, é possível que os meus cartoons se tenham sobrevalorizado, ao ponto de algumas pessoas me agradecerem pela coragem.
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