No início deste ano, a Lucapa anunciou ao mundo a descoberta de um diamante com 404 quilates, o maior e mais valioso alguma vez encontrado em Angola, que foi vendido por cerca de 20 milhões de dólares, e, desde então, sucedem-se as descobertas de gemas únicas, a última há dias, com 172 quilates. Mas e se este tipo de "pedras" fossem apenas miudezas entre os gigantes que o Lulo ainda tem para maravilhar a joalharia internacional?
Ao que parece, sim, é isso mesmo que a Lucapa está à espera que aconteça, tendo mesmo, segundo a imprensa australiana, equipado já a mina do Lulo com maquinaria que permite a detecção de diamantes com grandes dimensões, até aos mil quilates, quando, actualmente, o equipamento disponível permite apenas detectar mecanicamente diamantes até aproximadamente 280 quilates.
Esta mina, já conhecida entre os especialistas e que amiúde surge nas publicações mais reconhecidas do sector diamantífero, não se apresenta como grande produtora em quantidade, é sim local de extracção de poucos diamantes mas enormes e de extrema qualidade.
Perante isto, segundo a Lucapa deixou saber a jornalistas australianos, a estrada que dá acesso à mina do Lulo pode muito bem, dentro de pouco tempo, ser considerada a estrada mais valiosa em todo o mundo e já lhe chamam a "Diamond Highway".
Tudo, porque, sem que na altura se tivesse conhecimento disso, os inertes utilizados para a sua construção, recolhidos nas redondezas, podem conter alguns dos maiores diamantes e de melhor qualidade que o mundo já viu.
Mas, para tirar a limpo esta possibilidade, a empresa australiana que gere a mina do Lulo com a angolana e concessionária Endiama e a Rosa & Pétalas como sócias, vai começar a "peneirar" literalmente a estrada...
Para já, o Lulo ainda não forneceu o maior do mundo, mas pode já ter dado alguns de inigualável qualidade, como foi o caso do mais recente, que, com 172 quilates e a pesar 35 gramas, foi qualificado de "excepcional" e em "estado quase puro", deixando os especialistas espantados a ponto de haver já quem defenda que esta mina pode vir a ultrapassar em valor e fama as mais famosas do Botsuana.
A qualidade das pedras do Lulo é de tal ordem que o mercado internacional já paga o quilate extraído desta mina 20 vezes mais caro que a média mundial, que é de cerca de 120 dólares norte-americanos, estando estes a valer mais de dois mil dólares.
Os adjectivos utilizados para qualificar os diamantes do Lulo com brilho próprio foram todos esgotados, excepcional, extraordinário, maravilhoso, magnífico. Mas o melhor ainda pode estar para chegar e a sair literalmente do... entulho.
Um exemplo do valor destes diamantes do Lulo são os 32 milhões de dólares que já entraram nos cofres da Lucapa desde o início deste ano, tendo o diamante de 404 quilates, vendido ao joalheiro suíço De Grisogono rendido quase 20 milhões de dólares e o mais recente estar à beira de render mais de oito milhões...
De momento, Miles Kennedy, presidente não executivo da Lucapa Diamond Company, multinacional australiana operadora da mina do Lulo, em parceria com as angolanas Endiama e Rosa & Pétalas, diz somente que "é definitivamente uma pedra muito, muito especial, que vai render muito dinheiro".
Outubro, o mês das gemas gigantes?
É já no próximo mês que a Lucapa vai começar a peneirar a estrada de acesso ao Lulo, com a esperança de encontrar os desejados gigantes embutidos ou escondidos por entre os pedregulhos recolhidos nas imediações da mina para construir a estrada.
Segundo a Lucapa, a questão é que o equipamento até agora utilizado, com a detecção das gemas feita através de um ecrã concebido para o efeito, pode estar a deixar passar os tais gigantes indetectados.
Para os encontrar, a empresa mudou de equipamento e, depois de ter encontrado, em Fevereiro o gigante de 404 quilates, foi amontoando os inertes até que o novo equipamento esteja instalado para ser passado a pente fino, tal como os entulhos utilizados na construção das estradas de acesso à mina do Lulo.
Citado pelo The Australian, Miles Kennedy, o presidente do Conselho de Administração da Lucapa já apelidou as estrada em causa como "auto-estradas dos diamantes"
"Vai ser muito interessante saber o que estes materiais empilhados nos vão proporcionar, mas estamos bastante confiantes de que ali encontraremos alguns diamantes de grandes dimensões. Vamos ter de aguardar para ver", acrescentou Kennedy.
Uma certeza existe, para já. A mina está a render entre cinco a 12 milhões de dólares por mês em diamantes para um custo de exploração de cerca de 1, 3 milhões, "o que é espectacular", admite Miles Kennedy.