Este passo de gigante agora anunciado pela imprensa especializada norte-americana e europeia é fruto de vários anos de investigação pelos laboratórios da GlaxoSmithKline e apresenta como principal avanço o facto de se tratar de um medicamento que se toma de uma única vez mas garante a completa erradicação do parasita, o plasmodium, do fígado e dos restantes órgãos do corpo humano, em mais de 75 por cento dos casos testados.
Desta forma, este novo medicamento, eficaz nas formas mais comuns do parasita, com grande incidência na África subsaariana, impede que, especialmente nos adultos, a doença regresse depois de longos períodos de latência porque o plasmodium, transmitido pelo mosquito anopheles, conseguiu ludibriar o sistema imunitário e manter-se escondido no fígado.
Apesar de não ser eficaz em todos os tipos de paludismo, o tefenoquine é, seguramente, a melhor notícia em mais de 60 anos para quem se debate com este problema, segundo os médicos especialistas no tratamento e investigação desta doença que afecta quase 10 milhões de pessoas por ano em todo o mundo.
A malária é a principal causa de morte em Angola onde, só no 1º semestre deste ano, já provocou mais de 4 000 mortos em pelo menos 1,6 milhões de casos registados, bastante mais que em igual período do ano passado, tendo as autoridades nacionais admitido que 2018 é um dos anos onde a doença atingiu maior incidência, tendo mesmo contornos de epidemia.
Face a este cenário, este novo medicamento ganha foro de revolucionário, entre outras razões, pela simplicidade de uso, porque permite nos países mais pobres, como é de especial relevo em África, reduzir todo o tempo de tratamento a uma toma, o que evita que, como sucede amiúde, os pacientes abandonem o tratamento logo que se começam a sentir melhor, o que é a grande causa para o reatamento dos sintomas e da doença, dificultando a sua erradicação.
Actualmente, os medicamentos mais eficazes no tratamento da malária duram pelo menos duas semanas, e, ainda assim, não garantem a mesma taxa de eficácia do tafenoquine (cuja marca comercial vai ser Krintafel), que o parasita não regresse ao activo nos indivíduos tratados.
No entanto, os especialistas alertam que este ainda não é o tempo para dizer que a batalha contra o paludismo foi definitivamente ganha, porque ainda há caminho a fazer, apesar de um pouco por todo o mundo, diversos laboratórios tenham vindo a anunciar progressos.
O tefenoquine é, todavia, mais um avanço gigantesco contra a mortalidade provocada pela doença, especialmente pela sua capacidade de, com uma toma apenas, expulsar, em mais de 75 % dos casos, o plasmodium do fígado, onde mais comummente se aloja e onde os até aqui medicamentos mais eficazes tinham muita dificuldade em chegar com sucesso.
Apesar deste avanço, o Krintafel ainda não é a esperada vacina contra a malária, embora esta seja uma possibilidade para os próximos anos, considerando os especialistas que, com este novo medicamento, também a vacina fica mais perto de ser conseguida.
No entanto, este medicamento já funciona, de certa forma, como vacina, porque ao erradicar o parasita, impede que este seja retransmitido pelo mosquito, como sucede actualmente com as pessoas que, apesar de não terem sintomas, possuem no organismo o plasmodium que, assim, passa de indivíduo em indivíduo.
O Krintafel vai ser vendido a baixo preço nos países mais pobres, começando pelo Brasil, mas alguns proeminentes cientistas da área, citados pelas publicações da especialidade, terem já alertado que os velhos métodos de combate à malária ainda são os melhores quando se trata de definir estratégias para combater esta doença.
Velhos métodos esses que são a profilaxia através de mosquiteiros e a pulverização das zonas mais sensíveis e a fumigação das casas nas zonas e países mais afectados, as campanhas de sensibilização para evitar a criação de "maternidades" para os mosquitos, como recipientes com água (exemplo: pneus abandonados) ou charcos evitáveis.