Embora não sendo a única vacina com uso limitado no terreno, porque a China já o está a fazer há mais de um mês, nomeadamente nas suas Forças Armadas, o anúncio da norte-americana Pfizer tem uma importância redobrada, não só porque é mais uma vacina em uso e com comercialização generalizada potencialmente para breve, mas essencialmente porque o seu processo de criação e produção observa exigências que alguns peritos admitem não existirem nas vacinas já anunciadas pela China e pela Rússia.
Mas não é menos importante o anúncio da farmacêutica britânico-sueca AstraZeneca ou da Moderna, uma empresa da área da biotecnologia norte-americana que apossou igualmente no fabrico de uma vacina para a Covid-19, prometendo ambas chegar aos pacientes até ao fim deste ano, um prazo muito mais curto que aquilo que os especialistas admitam como possível.
A Pfizer, citada pelas agências, já veio dizer que tem uma enorme crença de que este seu produto vai permitir uma considerável protecção contra a infecção pela Covid-19, doença gerada por um novo coronavírus que emergiu na China em Dezembro de 2019 e já atingiu todos os países do mundo, atingindo mais de 50 milhões de pessoas e fazendo mais de 1.2 milhões de mortos, sendo os EUA, o país com mais casos, mais de 10 milhões, e mais mortos, 237 mil.
O problema, depois de conseguida a vacina, será a sua distribuição global e existe o risco, como as Nações Unidas o admitem, de os países menos organizados e mais pobres, como os de África e de algumas regiões asiáticas, ficarem para trás nesta corrida planetária ao "ouro" injectável.
Em África, a União Africana já criou uma plataforma online que visa permitir aos estados membros organizarem-se de forma a que possa criar volume nas encomendas para as vacinas que gere a competitividade que cada um por si, dificilmente conseguirá.
A única certeza neste momento é que vai ser uma corrida agressiva ao medicamento e a sua distribuição global vai exigir uma logística que os peritos admitem só ser comparável à desencadeada no contexto da II Guerra Mundial, exigindo milhares de aviões, navios e camiões em todos os países, continentes de forma a que nenhum recanto do mais pequeno e empobrecido país fique de fora.
Isto, porque qualquer espaço que não seja coberto pela vacina poderá ser um potencial foco de mutação do vírus que lhe permita furar as muralhas imunitárias erguidas pelos fármacos.