O incidente entre as Forças Armadas dos dois países teve lugar no Domingo e, segundo fontes oficiais congolesas citadas pela emissora da ONU na RDC, aconteceu depois de terem sido detectados infiltrações de militares angolanos em território da RDC, na província do Kasai, ocorrendo de seguida trocas de tiros.

O governador congolês da província do Kasai, Dieudonné PIeme, avançou com a versão de que a troca de tiros ocorreu quando dois elementos das forças angolanas se introduziram em território congolês e começaram a filmar as posições da FARDC ao longo daquele trecho de fronteira.

"Dois elementos de polícia do Exército angolano - provavelmente da Polícia de Guarda Fronteira - entraram em território da RDC e iniciaram acções que levaram os nossos elementos dos serviços de inteligência a questioná-los, obtendo como resposta a violência porque um destes indivíduos tinha uma pistola e disparou contra um dos nossos agentes, ferindo-o. Ouvindo o tiro, os elementos das FARDC foram em auxílio e, na fuga dos indivíduos angolanos, dispararam contra eles, fazendo um deles tombar", adiantou o governador do Kasai.

Dieudonné Pieme disse de forma clara que os agentes angolanos estavam em território congolês e que não existe a possibilidade de eles não saberem desse facto porque existe um marco de fronteira bem visível no local deste incidente fronteiriço.

O Novo Jornal está a tentar contactar as autoridades angolanas na Lunda Norte para obter a versão angolana deste incidente.

As autoridades angolanas estão a exigir a devolução do corpo do militar abatido pelas forças da RDC, mas, segundo disse à AFP o governador do Kasai, essa devolução vai ser feita quando o lado angolano reconhecer que os seus elementos estavam em solo da RDC.

Este incidente, recorde-se, sucedeu depois de em Maio deste ano, ter ocorrido uma situação semelhante, na mesma fronteira, tendo um soldado angolano ficado ferido, tendo, na altura, cada um dos lados reafirmado que estava no seu território.

É ainda de lembrar que em Junho, as autoridades do Kasai e da Lunda Norte estiveram reunidas em Kamako, cidade congolesa, onde ficou definido entre as partes que seriam criadas patrulhas mistas envolvendo forças da ordem congolesas e angolanas, tendo esta iniciativa tido como objectivo harmonizar posições entre os dois lado da fronteira depois da troca de tiros de Maio último.