Em declarações à Angop, a directora acional de Prevenção e Combate à Corrupção da PGR, Inocência Pinto, confirmou a recepção de algumas denúncias envolvendo o Mirex, mas salientou que o inquérito não é público.
"Temos conhecimento da situação e a seu tempo daremos conta do facto", abreviou a responsável, que comentava as acusações recentemente publicadas nas redes sociais pelo ex-inspector-geral do MIREX, António Lima Viegas.
Segundo o antigo responsável da Inspecção-Geral do Ministério das Relações Exteriores, que liderou a "instrução de duas inspecções profundas e rigorosas" ao Instituto das Comunidades Angolanas no Exterior e Serviços Consulares (ICAESC) e à Direcção de Recursos Humanos do mesmo ministério, é a partir do MIREX "que há os maiores desvios de milhões de dólares que foram descobertos" no Estado.
"Não tenho dúvidas que um dos maiores buracos, ou mesmo o maior do País é no Mirex e nas Missões Diplomáticas e Consulares, "MDC"s", nos países fronteiriços", apontou o ex-inspector na mensagem divulgada nas redes sociais.
"O titular do Poder Executivo tem que saber que o ministro Manuel Augusto está a ludibriá-lo. À frente diz uma coisa e por trás faz o contrário", garantiu o responsável, adiantando que se sente ameaçado.
"Resolvi efectuar a presente denúncia devido às graves irregularidades que vive o MIREX, e por outro lado porque a minha vida corre perigo", disse.
Na mesma missiva, dirigida aos diplomatas e trabalhadores do MIREX, António Lima Viegas assume-se como "a primeira vitima da picada do marimbondo", e reitera as acusações contra o titular da pasta.
"Senhor ministro Manuel Augusto, toda a gente sabe que você sofreu uma grande pressão do seu director de Gabinete, Salvador Allende, e do Secretário Geral, Agostinho Van-Dunem, que lhe encorajaram para tomar a decisão de me exonerar", lê-se na missiva, na qual o antigo inspector sublinha que descobriu "um dos maiores ninhos de marimbondos existente no Ministério das Relações Exteriores".
Sem apontar nomes, António Lima Viegas garante que "há Chefes de Missões que delapidaram o erário público, trazendo todo o recheio das Residências Oficiais e inclusive o carro protocolar", enquanto outros "compram autocarros e põem em Luanda a fazer de táxi, pintado de azul e branco".
Segundo o também embaixador, há casos em que foram transferidos valores avultados sem justificação, bem como levantamentos de montantes exagerados em bancos estrangeiros, como "seiscentos mil dólares de uma só vez, por exemplo".
Apesar de António Lima Viegas assegurar ter provas de tudo o que diz - "Estou à disposição da PGR, que deveria saber e apurar toda a verdade" - o procurador-geral-adjunto da República, Pascoal Joaquim, lembra, em declarações à Angop, que "as denúncias que se vêem nas redes sociais são questões que emergem muitas vezes sem fundamentos necessários".
Ainda assim, o responsável garante que a PGR não vai deixar de desenvolver o seu papel.