A decisão de Geingob é para durar até final de Fevereiro e as excepções, em casos de emergência ou de claro interesse nacional, devem ser devidamente justificadas pelos governantes que quiserem viajar.
Numa nota emitida pelo gabinete de Hage Geingob na quarta-feira, não estava prevista qualquer excepção, tendo, já hoje, o seu assessor principal para a imprensa, Albertus Aochamub, vindo a púbico acrescentar que a decisão do Presidente admite deslocações excepcionais, mas estas "têm de provar o seu mérito" e provar que "existe uma razão válida", especificou também o ministro dos Negócios Estrangeiros, Frans Kapofi, citado pela imprensa namibiana.
A decisão presidencial engloba todas as deslocações que estavam previstas ou já programadas para o mês de Fevereiro.
Para demonstrar a importância desta medida, o próprio Presidente, na recente deslocação à Etiópia, para participar na 30ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, optou por um voo comercial em vez do jacto presidencial.
Geingog, no entanto, não colocou totalmente de parte o recurso ao jacto presidencial, apenas o limitou a situações onde se justifique, como seja em deslocações para eventos onde o país tenha óbvias vantagens em estar representado por uma comitiva alargada entre governantes e outras entidades.
O Presidente namibiano já tinha proibido deslocações aos seus ministros em 2015, igualmente por estas razões: poupar divisas ao país.
Geingob, o poupadinho, ou nem por isso
O Presidente namibiano já tinha obtido enormes elogios dentro e fora do país depois de, em Setembro de 2016, ter recusado acomodações luxuosas em Nova Iorque, onde esteve para participar na Assembleia-Geral da ONU.
A atitude de Hage Geingob em Nova Iorque foi de tal modo apreciada que surgiu contada em jornais de todo o mundo, incluindo no Novo Jornal Online, onde foi das notícias mais partilhadas de sempre na sua página de Facebook...
Mas, pouco depois, em Dezembro desse mesmo ano, em Paris, onde o Presidente se deslocou com uma delegação de 90 pessoas, tudo mudou e parecia outra pessoa, para quem nenhum luxo era suficiente.
Inicialmente, o "staff" de Hage Geingob rejeitou a proposta do protocolo francês para que ficassem num hotel de qualidade, mas não de extremo luxo, onde os ministros franceses ficam quando necessário ou delegações estrangeiras: Hotel Maurice, Intercontinental Hotel, Sofitel e o Raphael Hotel.
Mas parece que para a Presidência namibiana faltava-lhes luxo. Foi apresentada então outra lista, desta feita hotéis de cinco estrelas e dos mais requintados de Paris: Hotel Bristol, Shangri-La (este a menos de 700 metros da Torre Eiffel), Regina e Hotel Napoleon. Também nenhum deles serviu.
Até que surgiu no "radar" da exigente comitiva namibiana o nome do Four Seasons Hotel George V, a cerca de 1,8 km"s da Torre Eiffel e onde ficam os "Vips" de todo o mundo, incluindo estrelas de cinema e multimilionários, gente que pode pagar 25 mil USD/noite.
O jornal namibiano THe Namibian, que divulgou esta história, não conseguiu saber quantos elementos da comitiva ficaram no George V, nem se a conta foi paga pelo protocolo francês ou pelo tesouro namibiano.
Certo e seguro é que o Gorge V (25 mil USD/noite) é mais caro que o Waldorf Astoria (10 mil USD/noite), em Nova Iorque, onde Hage Geingob recusou pernoitar por achar que era muito caro, quando, em Setembro e Outubro desse ano, esteve nos EUA para participar na AG da ONU e num fórum económico internacional.