Para esta campanha, segundo uma nota de imprensa da ANASO, estão mobilizados mais de 100 activistas "que vão interagir com as pessoas, famílias e comunidades com o objectivo de melhorar a informação e o conhecimento sobre as medidas de prevenção contra o VIH/Sida na província de Luanda".
Durante a acção promovida pela ANASO serão distribuídos mais de 12 mil preservativos masculinos, cerca de 24 mil folhetos e cartazes sobre a doença, bem como disponibilizados 400 testes gratuitos de VIH, através de 2 clínicas móveis, para todos aqueles que pretendam conhecer o seu estado serológico com o fim de reduzir o risco de adquirir ou transmitir a doença.
A nota informa que as actividades em comemoração do Dia Mundial da Sida vão acontecer em todo o país, de 15 de Novembro a 15 de Dezembro, num contexto de aumento de novas infecções por VIH e de mortes relacionadas com a Sida.
A ANASO lembra que é preciso resgatar o compromisso da luta contra a Sida em Angola, que continua adormecida, em parte devido à entrada em cena da pandemia da Covid-19.
Em 2020, em Angola, os números oficiais apontavam para cerca de 350 mil pessoas que vivem com HIV-SIDA, mas António Coelho, secretário executivo da Rede Angolana das Organizações de Serviços de Sida e Grandes Endemias (ANASO), acredita que a cifra é muito mais alta.
"Os números, neste caso, mentem", disse em 2020 ao Novo Jornal.
No entanto, e perante os números oficiais, o panorama era e continua confrangedor: No ano passado, o relatório da ANASO indicava que, por dia, eram detectadas 20 novas infecções entre jovens e adolescentes dos 15 aos 24 anos e registadas oito a nove mortes relacionadas com a doença neste grupo etário.
No País há 49 mil adolescentes e jovens entre os 15 e os 24 anos que vivem com HIV, afirmou António Coelho ao Novo Jornal em 2020, e, desses, 37 mil são do sexo feminino. As mulheres são, aliás, as principais vítimas do HIV-SIDA: existem 210 mil infectadas, das quais apenas menos de 55 mil fazem terapia retroviral.
A taxa de abandono dos tratamentos também é altíssima, revelou António Coelho, que calcula que a percentagem ronde os 54%, ou seja, "em cada 100 pessoas que no princípio do ano entram para o tratamento, no final do ano 54 desistiram".
O secretário da ANASO mostrou-se ainda preocupado com as mais de 30 mil crianças que padecem de SIDA no País, sobretudo quando apenas cinco mil têm acesso a tratamento. Mas as vítimas da SIDA não são apenas os que contraem a doença. No País há milhares de crianças órfãs devido ao HIV.
Para o responsável da ANASO, é preciso "um sistema de informação em saúde que funcione porque os dados não são credíveis".
"A radiografia que temos vindo a fazer não é a mais real, é a possível, porque quando nós vamos às comunidades damos conta de que a situação é muito mais complicada do que os números oficiais indicam", declarou.
De acordo com os números oficiais, estimava-se, no final de 2020, que 2% da população de Luanda (cerca de 160 mil pessoas) esteja infectada com o vírus da SIDA. No Cunene, província que surgia em segundo lugar na lista de infecções, calculava-se que a doença atinja 6% da população local. As Lundas registaram 5% dos casos e o Kwanza Norte era a quarta província mais infectada pelo HIV, com 3% de casos.
O Dia Mundial da Luta contra a Sida assinala-se a 1 de Dezembro, com o objectivo de sensibilizar, informar e prestar solidariedade às pessoas que vivem com VIH.
Fundado em 1988, o Dia Mundial da Luta Contra a SIDA foi o primeiro dia internacional da saúde global. Todos os anos, agências das Nações Unidas, governos e sociedade civil unem-se para fazer campanha em torno de temas específicos relacionados com o VIH.