Os EUA têm actualmente a poderosa 5ª esquadra naval, que inclui um porta-aviões, com dezenas de aviões de guerra a bordo, e vários navios de apoio, com mais de 3.000 militares, no Golfo Pérsico e a sua capacidade de resposta tem vindo a aumentar, tendo o Presidente Donald Trump anunciado o envio de mais mil homens para a região na semana passada, a que se juntam as várias bases militares na egião, como as do Baharain, da Arábia Saudita, do Qatar, entre outras.
A divulgação feita pelas forças iranianas de que um avião não tripulado norte-americano foi abatido pode ser o fósforo que se temia poder acender o rastilho de um conflito alargado nesta região altamente volátil, porque o Secretário da Defesa Mike Pompeo, que corresponde ao ministro da Defesa na Administração norte-americana, ameaçou o Irão com um ataque avassalador em caso de ocorrência de qualquer episódio que envolva um disparo iraniano contra forças dos EUA ou dos seus aliados na região.
Face à destruição deste drone, podem estar criadas as condições para essa resposta, embora a justificação deixe de existir se se confirmar que o aparelho sobrevoava espaço soberano do Irão, sendo assim considerada uma intromissão abusiva que justifica a acção dos Guardas da Revolução. O drone "espião" foi, diz esta força de elite iraniana, abatido com um míssil terra-ar.
A marinha norte-americana confirmou que um dos seus aparelhos foi abatido mas garante que este, do modelo MQ-4C Triton (na fotografia), sobrevoava espaço aéreo internacional quando foi alvejado, elevando assim mais um patamar na tensão que começou a engrossar no passado 13 de Junho, quando dois petroleiros foram atacados próximo do Estreito de Ormuz, tendo os EUA, de imediato, acusado o Irão de estar por detrás destes ataques, o que foi prontamente negado pelo Irão.
A negação foi acompanhada de dados que fazem com que a acusação dos EUA perca solidez, visto que, no momento dos ataques, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, estava em Teerão em negociações com o Presidente Hassan Rouhani e com o Aiatola Ali Khamenei, a autoridade máxima no Irão, sendo que um dos petroleiros é japonês e o Japão é um tradicional e forte aliado comercial do Irão, ao mesmo tempo que é um dos mais importantes aliados dos EUA.
Mas os EUA acusam ainda o Irão de estar por detrás dos recentes ataques dos rebeldes Houthis, do Iémen, contra infra-estruturas da Arábia Saudita, o que está a contribuir ainda mais para a escalada das tensões nesta volátil região do mundo, responsável por cerca de 20% da produção diária mundial e detentora de 55 por cento das reservas mundiais de crude.
Apesar desta intensidade, tanto o Irão como os EUA têm afirmado o seu desejo de não entrar em guerra, mas esta parece ser cada vez mais inevitável, apesar dos esforços da comunidade internacional para que esse momento não chegue, e também porque os experientes mercados petrolíferos, normalmente muito sensíveis a estes episódios de tensão no Golfo Pérsico, parecem estar a minimizar o problema.
Mas, hoje, as coisas parecem ligeiramente diferentes, porque, depois deste episódio com o drone norte-americano, os mercados, como é disso exemplo o Brent, de Londres, que define o valor médio das exportações angolanas, abriu em alta e cerca das 10:10 estava a subir 2,51%, para os 63,37 USD por barril.
A contar para esta refocagem dos mercados estão ainda as declarações do comandante dos Guardas da Revolução, general Qassem Soleimani, onde afirma que o país está pronto para a guerra mesmo que o desejo seja de não entrar em guerra com ninguém.
Este oficial, uma das mais importantes vozes do sistema de defesa iraniano, afirmou ainda, nos media estatais de teerão, que a violação do seu território por ar, por mar ou por terra, é o limite, a "linha vermelha" que não será tolerada, garantindo que os EUA devem ter isso em linha de conta sempre que pensarem no Irão.