A confirmação da nova presidência foi feita na reunião plenária da organização, que termina hoje em Luanda e marca também o fim da presidência angolana do referido processo. A garantia da presidência dos Emirados Árabes Unidos para 2016 foi possível depois de longas negociações durante a presidência de Angola, com o sinal positivo a surgir no passado mês de Setembro, quando a Austrália aceitou retirar a sua candidatura em troca da vice-presidência durante o mandato dos Emirados Árabes Unidos.

Com a vice-presidência no próximo ano, a Austrália garante a presidência do processo de Kimberley em 2017, adiando em um ano a sua pretensão inicial. Ao longo desta disputa, a Austrália contou com o apoio das organizações da sociedade civil, manifestado na reunião de intercessão que Luanda acolheu no passado mês de Junho, porque no entender destas organizações os Emirados Árabes Unidos não deveriam ser eleitos porque não exploram diamantes, apesar de serem um dos melhores mercados de venda.

“Temos vindo a fazer grandes esforços, mas notamos que ainda há resistência da sociedade civil; devemos ser optimistas e vamos continuar a trabalhar”, disse na altura o engenheiro Bernardo Campos, presidente do processo de Kimberley.

Já os Emirados Árabes Unidos, ao longo desta “batalha”, contaram com o apoio da presidência angolana, manifestado desde que este país se candidatou à vaga em Novembro de 2014, na plenária de Guangzhou, China.

Devido ao impasse na escolha da vice-presidência, que durou quase um ano, Bernardo Campos, enquanto presidente da organização, deixou no ar a ideia da necessidade de se alterar o sistema de eleição que exige unanimidade.

“No meu discurso de abertura (na reunião de intercessão em Junho) levantei esta situação, dizendo que precisamos de rever os métodos de eleição. Felizmente o próprio Comité de Regras e Procedimentos, liderado pela Rússia, também fez menção disso, no sentido de que provavelmente temos que adoptar outras formas de votação, como, por exemplo, as que se usam nas Nações Unidas.

O processo de Kimberley é um sistema de certificação internacional que regula o comércio de diamantes em bruto, impedindo o comércio dos denominados diamantes de sangue vindos de zonas em conflito. Foi criado em 2003 e integra 82 países.

Balanço positivo A presidência angolana do processo de Kimberley termina no dia 31 de Dezembro e segundo o ainda presidente do processo de kimberley, Angola teve uma presidência positiva, pelos bons resultados alcançados em diversas situações. Para reforçar a sua posição, Bernardo Campos socorre-se das varias acções realizadas com sucesso, a começar pelo levantamento do embargo na venda de diamantes à República Centro Africana, decisão saída na reunião de intercessão que Luanda acolheu no passado mês de Junho.

Reunião que ficou também marcada pela presença da Venezuela, que no próximo ano deverá readquirir o seu estatuto de membro de pleno direito, depois de alguns anos fora da organização Durante o mandato de Angola foram também monitorizadas as actividades que envolvem os fluxos de diamantes brutos a nível mundial e acompanhadas as visitas de revisão a países como Côte D´Ivoire, República Centro Africana, Suazilândia, integrantes da União Europeia e aos Emirados Árabes Unidos.

“Estes e outros factos que foram desbloqueados e que eram na verdade assuntos pendentes e sensíveis no início do nosso mandato, temo-los hoje resolvidos; por isso, podemos considerar o balanço positivo”, disse o ainda presidente do Processo Kimberley.

Bernardo Campos agradeceu o apoio do grupo de trabalho liderado pela União Europeia, Rússia e China. “Trabalhámos com a Coligação da Sociedade Civil, com vista a manter a credibilidade do Processo Kimberley e a fortalecer a coesão no seio da organização”, concluiu.