Com problemas vários, evidentemente, alguns deles similares aos de outros órgãos de informação, mas com a seriedade, a responsabilidade e a abertura que se exige a um meio de comunicação que se pretenda responsável, patriótico e inclusivo.

Por entre altos e baixos que são comuns a qualquer publicação, a redacção deste semanário foi cimentando o respeito e a consideração entre os seus pares por ter características muito próprias, muito específicas.

Desde logo a paixão pelo jornalismo. Pelo exercício de uma profissão que vai sendo vulgarizada com excessiva facilidade (todos parecem ser jornalistas...), fenómeno que nos recusamos a aceitar. Pela entrega individual e colectiva que permite o debate aberto e democrático entre o que todos pensamos.

Pelo profundo sentido de solidariedade que une esta equipa, preparando-a, sólida e profundamente, para discordâncias de opiniões, de pontos de vista, sem, em momento algum, pôr em casa a sua coesão, a sua unidade no trabalho diário que nos permite chegar até vós semanalmente.

A seguir, a plena consciência de que os unanimismos, as concordâncias absolutas e o aplauso sistemático por inerência, seja do que for, é perigoso para o exercício saudável de um trabalho que obriga a que choquemos, quantas vezes, até mesmo com as nossas mais profundas convicções.

Acresce o facto de, não sendo, é verdade, vulgar, nem em Angola nem em qualquer parte do mundo, termos tido, desde sempre, por parte da Administração um comportamento irrepreensível no que à condução editorial dos nossos trabalhos diz respeito.

Nunca, em momento algum, recebemos qualquer espécie de orientações, ordens, sequer pedidos ou recomendações.

A redacção do Novo Jornal tem tido a mais absoluta autonomia, decidindo a sua agenda em colectivo, a partir do que é habitual e comum a qualquer outro meio de comunicação social.

E referimo-nos exclusivamente à redacção, porque existindo obviamente uma direcção, esta é parte integrante da redacção e limita-se a seguir aquilo que corresponde às decisões tomadas pelo seu conselho. Temos um director, no sentido de que é um colega de profissão, cuja função de chefia é, naturalmente temporária, como tudo, excepto na sua condição de jornalista. Com ou sem a função de director, há-de continuar a ser sempre jornalista.

Vem tudo isto a propósito de termos sido desagradavelmente surpreendidos por declarações de Teixeira Cândido, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, que, a propósito do Novo Jornal, teceu considerações no mínimo levianas, pouco sérias e demonstrativas de um absoluto desconhecimento do nosso funcionamento e dos nossos métodos de trabalho.

Contactámo-lo de imediato, solicitando-lhe que se retratasse por escrito, uma vez que tais acusações não correspondem nem de perto nem de longe à verdade. A carta veio, porém, sem que a redacção tenha considerado que é suficientemente clara e explícita. E porque se trata de uma insinuação absolutamente falsa, temos pena que a referida carta não esclareça de forma suficientemente clara e peremptória as afirmações feitas.

O que lamentamos profundamente. Estando a falar de um colega de profissão, é inédito o facto de nos sentirmos obrigados, ao fim de tantos anos de trabalho, a referir uma situação deste tipo.

Bastaria o acompanhamento semanal do nosso trabalho para dar conta do esforço que vimos fazendo, no sentido de aprofundar a pluralidade de opiniões, que, através dos nossos cronistas e jornalistas, é, desde há muito, clara e indubitável.

Sentimo-nos, individual e colectivamente, ofendidos com as suas afirmações. Por se tratar de uma mentira. Pura e simples.

Pelo facto de o Novo Jornal ser um espaço aberto a todos, de verdadeiro pluralismo e que promove o debate, a discussão, insistindo vezes sem conta na necessidade da manutenção permanente do diálogo entre todos os actores nacionais como forma de aprofundamento da democracia.

Porque só nos vemos como profissionais da informação, enquanto cidadãos inteiros e verdadeiros. Connosco próprios e com os leitores. Com os nossos princípios deontológicos. Porque é isso que a administração do jornal nos pede. Rigorosamente nada mais.