O Panamá é um país longínquo situado na América Central ao qual, pelo menos por cá, ninguém ligava nenhuma, não só pela sua distância mas também pela falta de laços directos de trocas comerciais ou de trocas de outra natureza qualquer. Pelo menos as de natureza legal.

Nos últimos dias, este país tornou-se notório devido ao facto de ser um paraíso fiscal. Se o conceito de paraíso já é bom, imaginem então se for um paraíso fiscal. Se para a maioria dos comuns mortais o paraíso é uma utopia somente alcançada depois da morte, para uma minoria o paraíso existe aqui mesmo na Terra.

Este país de nome abundante é uma república conhecida pelo seu canal que permite a travessia de embarcações do oceano Atlântico para o Pacífico (e vice-versa), através do mar do Caribe, de forma pacífica, sendo que as receitas geradas por este negócio concorrem significativamente para o seu Produto Interno Bruto.

É lá que colunáveis, figuras públicas, políticos e outros seres iluminados guardam os parcos milhões de dinheiros estrangeiros que por cá escasseiam, limitando as nossas importações e afundando a nossa economia muito dependente do petróleo do offshore.

É muito burburinho por causa de papéis que na realidade são documentos electrónicos, que foram investigados ao detalhe pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, lançando uma calema mundial que já agitou as águas e fez alguns estragos.

Esses papéis é como se fossem uma mistura de um puzzle labiríntico com uma teia de aranhas camufladas. O novelo parece não ter fim.

Por cá, panamá também é conhecido com um chapéu de cor clara que na realidade tem origem num outro país, o Equador.

Mas a nossa realidade é diferente e o que nós precisamos agora são chapéus-de-chuva e talvez umas cartolas para esconder um coelho atrevido que teima em complicar a vida do cidadão.

É preciso muita imaginação para que um animal tão dócil venha a transformar-se numa bacia hidrográfica com repercussões significativas para a economia de uma cidade.

Ainda veremos que tem caudal suficiente para alimentar uma mini-hídrica ou talvez para ajudar na criação de um perímetro irrigado para bananeiras.

Por este motivo, proponho que ao invés dos "Panama Papers" façamos uma introspecção ao assunto dos "Banana Papers". Somos um país com muita banana. Somos um país com alguns bananas. Somos uma nação que anda meio abananada. Somos uma república com cachos e com gente com tachos. Somos um país que tem uma feira da banana de produção nacional.

Em 2015, o lema da feira foi "Banana de Angola, orgulho nacional". Portanto devemos todos ter orgulho das nossas bananas, sejam elas banana prata, banana pão, banana maçã, banana ouro, etc.

Com a escassez de divisas e numa altura que accionistas de bancos no estrangeiro querem os seus dividendos transferidos para o exterior, sugiro que usemos a banana como moeda de troca. Podemos dizer a esses investidores ávidos das divisas que estamos dispostos a pagar em espécie os valores reclamados usando para o efeito a fruta como moeda de pagamento, nomeadamente bananas.

Deste modo, somos a solicitar que se dirijam à banca nacional, de preferência com carrinhas e camiões, pois a banana será entregue em cachos de várias tipologias de bananas do género Musa, sendo as mais comuns a banana de mesa e a banana pão.

Em tempo de crise achamos importante variar as formas de pagamento contribuindo assim para a diversificação da economia e uma dieta mais equilibrada dos nossos cobradores.

Ainda não estamos a produzir papel a partir da fibra da banana mas quem sabe um dia lá cheguemos e quiçá o dinheiro que nos falta venha a ser produzido a partir da banana.

E já agora mal-do-Panamá não são as contas offshore mas sim uma doença endémica das regiões que produzem bananas.